RTP1 prepara séries sobre as mães de Bragança e as Doce

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As cantoras Fátima Padinha, Teresa Miguel, Lena Coelho e Laura Diogo compunham as Doce. Na imagem, o quarteto no Festival da Canção em 1980 [Fotografia: Global Imagens]

E se a polémica história das mães de Bragança, que em 2003 pôs a cidade na capa da prestigiada revista Time devido a um protesto em torno da prostituição brasileira, chegasse a uma produção da estação pública?

Pois bem, o diretor de Programas, José Fragoso, referiu na quarta-feira, 20 de fevereiro, que a série em torno deste episódio nacional já está a ser rodada e apelida-se Luz vermelha. Não tem, contudo, data de estreia.

Mas há mais novidades de ficção a chegar à estação pública. No dia em que o responsável apresenta telefilmes, mini-séries e cinema, Fragoso revelou ainda que vem aí um trabalho inspirado num dos mais célebres quartetos femininos nacionais.Estamos também a trabalhar numa série sobre as Doce, uma ideia da Patrícia Sequeira, que a está a produzir, mas que é um projeto ainda muito verdinho”, disse o diretor de programas, na apresentação aos jornalistas das principais apostas da RTP1 para 2019, na área da ficção.

Garantido está o regresso da icónica série Conta-me como Foi aos ecrãs da RTP1. O elenco de base será o mesmo, mas a história – que terminava em 1974, no 25 de Abril – evolui agora para os anos 1980, com novo cenário e novas personagens. “Achávamos que fazia sentido voltar à forma, porque é uma marca muito importante da RTP”, afirmou José Fragoso, avançando que atualmente estão a ser feitos os guiões, no verão serão feitas as gravações e os primeiros episódios serão exibidos no último trimestre.

13 telefilmes inspirados em autores portugueses

Um conjunto de 13 telefilmes, realizados por diferentes cineastas, com elenco variado, e inspirados em contos de autores portugueses, da produtora Marginal Filmes, é uma das principais apostas da RTP1 para este ano, na área da ficção, foi hoje anunciado.

O anúncio foi feito esta quarta-feira, 20 de fevereiro, pelo diretor de programas da RTP, José Fragoso, durante uma apresentação aos jornalistas das linhas de orientação do canal para novos projetos.

“Cada realizador pega num conto e num elenco específico”, o que implica envolver “uma comunidade muito alargada” ao longo do ano, já que são 13 cineastas, os diferentes atores com quem cada um quer trabalhar, os guionistas e outros profissionais que vão ajudar a concretizar este projeto, apresentado à RTP pela produtora Marginal Filmes.

José Fragoso, diretor de Programas da RTP [Fotografia;: DR]
José Fragoso, diretor de Programas da RTP [Fotografia;: DR]

Sem adiantar pormenores, José Fragoso avançou os nomes de António-Pedro Vasconcelos, João Cayatte, António da Cunha Telles e José Carlos Oliveira entre os realizadores, e Eça de Queirós, Mário de Carvalho, Alexandre Herculano e José Cardoso Pires, entre os autores portugueses cujos contos serão adaptados.

De José Cardoso Pires, será levado a telefilme o conto “Lavagante”, enquanto Fernando Pessoa terá adaptada a história “Um jantar muito original” – escrita sob o heterónimo inglês Alexander Search – que já está transposta para guião.

Cada filme terá a duração de 60 minutos, será transmitido em prime-time e, em princípio, a transmissão tenderá a ser semanal, acrescentou o diretor, considerando que este é “um projeto muito relevante para 2019”, e que é um “conjunto que pode ter sequência no futuro, se correr bem”.

No que respeita a séries, José Fragoso destacou algumas coproduções internacionais em curso, como é o caso de “Auga seca”, com a TV Galiza, e que tem produção assegurada pelo produtor espanhol Jorge Coira.

Histórias da raia e Fernão de Magalhães a meias com Espanha

Trata-se de um thriller passado entre o Porto e Vigo, protagonizado por uma atriz portuguesa, no papel de uma mulher integrada num gang de tráfico de droga, que será fundamental para desmontar essa rede.

“A espia” é outra das séries previstas para a RTP1 com coprodução espanhola, que parte de uma ideia da Pandora filmes e que está entregue ao realizador Jorge Paixão da Costa. Com oito episódios, esta série passa-se em 1941 e a protagonista (ainda sem atriz decidida) faz de espia dupla, na II Guerra Mundial, com a história a decorrer entre Lisboa, Porto e Espanha.

Ainda no âmbito das séries, está prevista uma sobre Fernão de Magalhães e a circum-navegação – de que se assinala este ano o 500.º aniversário -, que terá a intervenção de Espanha e de países sul-americanos. São seis episódios de 50 minutos cada, que Leonel Vieira está a produzir e que contam a história da viagem de três anos à volta do globo, desde a partida até à chegada (já sem Magalhães).

Outros projetos em agenda, mas ainda sem data de estreia, são as séries O ano da morte de Ricardo Reis, de João Botelho, com seis episódios, Terra Nova, uma série de 13 episódios, de Artur Ribeiro e Joaquim Leitão, e a série Sul, de Edgar Medina, que foi apresentada no Festival de Cinema de Berlim e que está em montagem, para ser exibida em setembro na RTP1.

Outra série, que já esteve em rodagem, é O nosso cônsul em Havana, de Francisco Manso, centrada em Eça de Queirós, enquanto esteve como cônsul em Cuba, “uma faceta pouco conhecida” do autor de O Crime do Padre Amaro, e que irá substituir Teorias da conspiração“, estreada em janeiro.

De António Variações a Snu Abecassis e Sophia

No que respeita a cinema, além de Tiro e queda, a comédia que ainda está em sala de cinema, estão na calha outros filmes, em coprodução e com apoios do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que ainda não serão exibidos este ano, no ‘pequeno ecrã’: um sobre António Variações, outro sobre Snu Abecassis e um terceiro, intitulado “A herdade de Tiago de Carvalho”, sobre uma herdade no Alentejo e a família que lá viveu durante duas gerações.

A RTP1 também apresenta algumas novidades relativamente a documentários, entre os quais se destaca uma longa-metragem documental sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, no âmbito do seu centenário, realizada por Manuel Mozos, e que será exibida a partir de setembro.

Outros documentários em andamento são Mistérios do cérebro, de António José de Almeida, mas que só chegará à televisão em 2021, e História do Teatro de Revista em Portugal, uma série documental de quatro episódios, de 45 minutos, ambos da Panavídeo, assim como uma série documental sobre refugiados, com 11 episódios de 25 minutos, em que se contam as histórias de famílias refugiadas em Portugal, “como se integraram, adaptaram e como olham para trás”.

Ainda na área documental, a RTP prepara programas dedicados a tradições e características especificas portuguesas, como gastronomia (centrada nos restaurantes com estrelas Michelin), vinhos históricos, romarias, arte xávega, “migradores de longa distância” – aves do Tejo rastreadas por uma equipa de biólogos — e os trilhos do ‘salto’, que portugueses usaram para fugir durante a ditadura.

CB com Lusa

Imagem de destaque: DR

E se ‘A Guerra dos Tronos’ fosse gravada em Portugal?