Doce com peças alugadas, de segunda mão, da feira da ladra e feitas de raiz

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[Fotografia: RTP]

Em exibição aos sábados à noite na RTP1, a série que retrata o percurso da primeira girlsband portuguesa, as Doce, leva todos a um universo muito peculiar criado pelo quarteto de mulheres, mas também pelo malogrado estilista José Carlos.

Reproduzir esta realidade e – sobretudo – as roupas não foi um processo nada simples. Foi necessária muita imaginação para encontrar soluções, muito tempo de buscas em lojas, mas também muito trabalho de confeção para que a série de época pudesse ser feita com a máxima fiabilidade para com a história.

“Para o espetáculo, foi tudo construído de raiz, já o restante guarda-roupa veio de diversos sítios”, começa por explicar Rita Lameiras. A figurinista do filme e da série explica que “algumas peças foram alugadas, outras compradas em lojas de segunda mão, na feira da ladra e outras são mesmo atuais”. E descreve: “Transformámos peças, cortámos, pintámos, bordámos brilhantes… embora a série seja passada nos anos 80 do sécuo passado, a ideia era ter uma imagem intemporal, nada que fosse imediatamente rotulado à época.”

Entre os guarda-roupas mais difíceis de mimetizar, a figurinista que está atualmente em Amor, Amor, novela da SIC, elege três: Bem Bom, Doce e Ali-bá-bá. “O facto de serem os que estão mais na memória, torna ainda mais exigente esse rigor”, argumenta.

“Os fatos do Bem Bom foram feitos pela costureira Carmo Bocinha, o tecido base de lantejoula preta foi fácil de encontrar, mais difícil foi encontrar a renda para criar o efeito das enormes golas. As luvas foram feitas na Luvaria Ulisses e depois apliquei os brilhantes. Os chapéus numa chapelaria do Norte e as botas foram reproduzidas no atelier Rui Branco, mais uns brilhantes e adereços. E assim nasceram as mosqueteiras das Doce. Foi todo um trabalho de uma equipa que esteve neste projeto: Jandira Crespo, Cátia Campos e Cristina Soares”, descreve Rita Lameiras.

Os “complexos” do Ali-bá-bá não se ficaram atrás. “Esses foram da responsabilidade de Miss Suzie, construídos de raiz no seu atelier, todos bordados à mão, com metros e metros de contas prata e dourada”, recorda a figurinista, que acrescenta: “Tive a preocupação de que, com os movimento da coreografia, os reduzidos fatos não saíssem do lugar, e funcionaram na lindamente”.

E os fatos originais do criador José Carlos, onde estão? “Não consegui ter acesso a nenhum deles para reproduzir, alguns foram transformados na altura e ninguém guardou nenhum. Falei muito com Miguel Mantero, que trabalhou com José Carlos e esteve presente várias dias nas gravações, ele sim conhecia as peças e era uma ajuda para dúvidas que surgiam”, explica Rita Lameiras. Agora, todos estes fatos usados para o filme e série são propriedade da produtora que assina o filme e a produção: a Santa Rita.