
Rui Unas ‘levou’ o Heitor de Nazaré ao espaço Júlia. Se na ficção da noite da SIC, o ator dá vida a um marido que agride física e psicologicamente a mulher, agora ele mesmo quis conhecer os espaços onde as mulheres, vítimas em contexto de intimidade, pedem ajuda.
O ator visitou o Espaço Júlia: RIAV: Resposta Integrada de Apoio à Vítima, sob a alçada da Polícia de Segurança Pública e que funciona desde 2015. Tratando-se de um espaço multidisciplinar de intervenção e acompanhamento às vítimas de violência doméstica permanentemente aberto, Unas visitou-o e ouviu os relatos de quem ouve as vítimas e os elos mais fracos, sobretudo crianças.
Por escrito e à margem do evento, Unas explicou ao Delas.pt como nota que afinal a realidade pode ultrapassar a ficção e conta que se sente feliz por saber que a sua personagem é, afinal, tão odiada.
O que mudou para o Rui Unas depois desta visita? Seja em matéria de perceção sobre a violência doméstica? Seja sobre a construção da personagem que fez?
Tomei consciência de que há um espaço com uma resposta integrada para estas situações tão delicadas, quanto complexas e pelas histórias que me foram contadas que a realidade ultrapassa (infelizmente) sempre a ficção, no que toca à brutalidade e violência.
O que mais o impressionou nesta visita? E porquê?
Justamente os relatos dos agentes que me permitiram ter um conhecimento real do que os “Heitores” podem fazer.
Como surgiu e de quem partiu a ideia desta visita?
Manifestei o meu interesse em dar um contributo, por pequeno que seja, fora do ecrã para esta causa. A importância da denúncia, mas também do acompanhamento, quer da vítima, mas também do agressor. Ou seja, tão importante como proteger e “resgatar” as vítimas dessas situações é garantir que os agressores são punidos e acompanhados para que não voltem a repetir o seu comportamento.
O que vai o Rui fazer a breve trecho sobre esta realidade? Para lá desta visita, que outras iniciativas tem em mente?
Estarei sempre disponível para dar a cara a toda e qualquer iniciativa.
A questão da violência doméstica tem sido amplamente tratada na ficção. Assim sendo, em que medida a personagem do Rui faz a diferença face aos restantes tratamentos da temática em múltiplas produções?
Creio que a forma verdadeira e crua como tratamos o tema, a Barbara (Norton de Matos) e eu, assim como os “meus filhos”, esta situação na novela serviu precisamente para consciencializar as pessoas para esta realidade e todo o padrão comportamental, quer do agressor, quer da vítima.
Que desfecho gostava para a sua personagem tendo em conta a violência doméstica?
Um desfecho naturalmente justo. O Heitor não deveria ter redenção, mas sim uma punição exemplar.
Que reações tem tido?
As reações são as melhores. O facto de o público detestar o Heitor é o maior elogio que me podem fazer.