Ruy de Carvalho celebra 95 anos: “Não quero viver outra guerra mundial”

Ruy de Carvalho
[Fotografia: Rita Chantre / Global Imagens]

Ruy de Carvalho celebra, nesta terça-feira de Carnaval, o 95.º aniversário e, em entrevista ao Delas, fala do carinho do público, da resistência física nos palcos ao longo de 80 anos de carreira e da atualidade: o ator não quer voltar a viver outra guerra mundial com o conflito que opõe os ucranianos aos russos.

Espetador atento a tudo o que se passa na atualidade, o ator começa por pedir a palavra para comentar a guerra na Europa. “Não quero viver outra guerra mundial. Já vivi uma intensamente e senti outras perto e já não queria viver mais guerra nenhuma. Acho que os homens devem ter é juízo e amarem-se uns aos outros, que foi o que Cristo pediu”, diz ao Delas, no Teatro Politeama, em Lisboa, a poucos minutos de começar mais uma sessão da peça “A Ratoeira”, que protagoniza.

Aos 95 anos, é um dos atores da peça escrita por Agatha Christie, encenada por Paulo Sousa Costa e com a participação de Daniel Cerca Santos, Elsa Galvão, Filipe Crawford, Henrique Carvalho – neto do ator -, Luís Pacheco, Sara Cecília e Sofia de Portugal. “A Ratoeira” conta a história de um assassino que se encontra entre os hóspedes de uma estalagem, um deles interpretado pelo aniversariante desta noite.

Nesta terça-feira, dia de aniversário, Ruy de Carvalho vai ser alvo de uma homenagem no Politeama, com os aplausos do público e uma exposição. “Vou, com certeza, ficar muito emocionado. Primeiro, porque vão estar cá muitos amigos para me verem – sou um homem muito feliz nesse aspeto -, e vai ser um dia bonito, sobretudo por estar a representar”, afirma.

O decano dos intérpretes portugueses já leva 80 anos de carreira e conta o segredo para a resistência. “O segredo? Não pensar na morte. A vida é para ser vivida, só morremos na altura em que tiver de ser. Quando vier a morte vem, nós partimos e descansamos”.

Para estes 95 anos, os desejos de Ruy de Carvalho são muito claros. “Os meus desejos são que o Teatro em Portugal continue a ter êxito como tem estado a acontecer, o público está a voltar a ver espetáculos. É algo que me deixa muito feliz se o público continuar a ajudar-nos a viver”, conclui.