A sua fome é emocional? Saiba controlar

A sua fome é emocional? Saiba controlar
A sua fome é emocional? Saiba controlar

Fome emocional; ingestão compulsiva; crises de voracidade alimentar; “binge eating”, em inglês. Muitos nomes para o mesmo problema: comer demasiado num curto espaço de tempo para tapar o vazio, aconchegar as emoções e combater o stress. Um problema sério e cada vez mais frequente.


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Comer é, acima de tudo, uma necessidade: a fome é sobretudo fisiológica, um aviso do organismo para lhe darmos os nutrientes de que precisa para gerar energia e manter o bom funcionamento. Mas isso não quer dizer que comer não seja simultaneamente um prazer, seja porque se é bom garfo ou porque a comida pode ter um lado mais emocional e um efeito reconfortante. De tal forma que os pratos de comida caseira, simples, que nos remetem para recordações de infância e para a segurança emocional ganharam a atenção de muitos chefs e um nome que virou tendência: “comfort food”, comida que dá conforto. Mas quando esta sensação se transforma numa necessidade e se traduz em excesso há um problema.

A fome emocional carateriza-se por verdadeiros ataques ao frigorífico e à despensa (por norma noturnos), que duram pouco tempo mas chegam para ingerir centenas de calorias em poucos minutos… e isto sem se ter fome. Pelo menos fome fisiológica. Encontrar na comida o refúgio contra o stress ou emoções negativas – por norma, recorrendo a alimentos altamente calóricos e ricos em açúcar e gordura, como chocolate, bolachas ou snack fritos – pode ser, no mínimo, sintomático de uma pequena descompensação emocional (se for uma situação pontual) ou, no pior dos casos, indicativo de um distúrbio mais grave a que os especialistas chamam “binge eating” (a partir de “farra, orgia, consumo desbragado”).

Depois de muitos anos em que as principais perturbações da alimentação Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a bíblia do diagnóstico em saúde mental publicada pela American Psychiatric Association, o “binge eating” foi oficialmente considerado aquilo que realmente é: um transtorno alimentar específico.

Não se trata apenas de comer demasiado de alguma coisa que está a saber bem. Nem tão-pouco comer um chocolate inteiro quando estamos a ver um filme. Estas situações podem revelar gula e fome emocional, mas, se pontuais, não significam que esteja a braços com uma desordem alimentar. Pelo contrário, se a situação for recorrente, é altura de procurar um psicólogo e um nutricionista para que, em conjunto, ajudem a controlar a situação.

Há também outra diferença que ajuda a distinguir: a vergonha e o sentimento de culpa. A ingestão compulsiva, apesar de ter algumas semelhanças com a bulimia, não se confunde. Nos bulímicos, depois do excesso, há a tentativa de purgar o que se comeu (através do vómito ou da ingestão de laxantes), coisa que os “binge eaters” não fazem, apesar de entre as crises de voracidade por vezes cortarem radicalmente na quantidade de comida que ingerem. Os dados oficiais disponíveis nos EUA apontam para que cerca de 3,5 por cento das mulheres e dois por cento dos homens sofram deste distúrbio alimentar, já considerado o mais comum nos países industrializados.

Sintomas:
De acordo com a American Psychiatric Association, o doente tem de apresentar pelo menos três destes sintomas, e que devem ocorrer pelo menos uma vez por semana ao longo de três meses, sem condutas de compensação (como o vómito ou os laxantes).

– Comer mais rapidamente do que o normal;
– Comer até ficar a sentir-se desconfortável por estar tão cheio;
– Ingerir grandes quantidades de comida mesmo sem fome física;
– Comer às escondidas dos outros;
– Sentir-se envergonhado e culpado depois de comer desta forma.

Consequências:
– Sentimento de culpa e de vergonha depois de comer;
– Baixa autoestima;
– Excesso de peso ou oscilações constantes de peso;
– Grande probabilidade de aumento do colesterol e da tensão arterial, bem como de outros problemas de saúde associados ao excesso de peso.

Prevenção:
– Nunca coma nada diretamente da embalagem. Vá à cozinha, sirva-se de uma porção razoável para um prato e guarde a embalagem;
– Aprenda a distinguir fome física de fome emocional. Se estiver realmente com fome, um iogurte ou uma maçã servirão, já fome emocional está associada a desejos de alimentos ricos em açúcares e gorduras, como bolachas ou snacks fritos.
– Se for desejo ou ânsia de comida com que está, procure perceber porquê: sente-se triste, está entediado, está sob pressão? Sempre que não seja fome que realmente sente, beba um copo de água, vire costas à cozinha e vá fazer outra coisa que o distraia;
– Não salte refeições. Isso só o vai fazer chegar à refeição seguinte com mais fome e a sentir que pode abusar porque não come há algum tempo.