Quem nunca se olhou ao espelho? Este gesto que à primeira vista não parece ser nada de especial na realidade pode ser bastante importante para a sua mente.
Estudos realizados no Japão mostram que o cérebro humano pode naturalmente identificar a nossa face subconscientemente. A equipa da Universiade de Osaka determinou que o motivo de as pessoas se olharem ao espelho e de se identificaram tão rapidamente.
No que diz respeito a distinguirmo-nos dos outros, o hipotálamo liberta dopamina. Este neurotransmissor ajuda a estimular motivação e o sentimento de recompensa. Cientistas descobriram essa estimulação sublime quando as pessoas reconhecem a própria face.
“Somos melhores a reconhecer a nossa cara comparada com as dos outros, mesmo quando a informação é subliminar”, afirma Chisa Ota, autora. “Contudo, pouco se sabe sobre isto e se envolve a mesma parte do cérebro ou se áreas diferentes são ativadas”.
Os investigadores exibiram imagens que incluíam o rosto da pessoa ou contornos que se pareciam com suas próprias características faciais, bem como imagens de rostos parecidos ao seu. A equipa de pesquisadores também analisou a resposta do cérebro a imagens de rostos com características alteradas. Para o estudo, os responsáveis também mostraram imagens de estranhos. Desta forma, examinaram a atividade neural com recurso a ressonâncias magnéticas funcionais o que permitiu determinar variações induzidas pelas imagens “ocultas”.
As imagens ocultas dos seus próprios rostos estimularam várias áreas do cérebro subconscientemente, incluindo as que interpelam as informações faciais. Ver os próprios rostos estimulou subconscientemente várias áreas do cérebro, incluindo aquelas que interpretam informações faciais.
Este estudo revelou que a amígdala, uma minúscula região inferior ao hipotálamo, manteve-se ativa e exibia mais atividade quando os participantes olhavam para a própria cara inconscientemente. Essa área do cérebro liga o medo às emoções e aos instintos de sobrevivência, no entanto, também pode conectar as emoções às memórias. Este estudo provou ainda que a amígdala permanecia ativa sempre que a pessoa reconhecia a sua própria face, independentemente das imagens transformadas.
Olhar no espelho é diferente que ver uma fotografia
Este estudo também revelou que o cérebro reage de maneira diferente dependente de que forma estamos a ver a nossa cara, consciente ou subconscientemente. Isto significa que diferentes partes do cérebro são ativadas ou a mesma área usa diferentes mecanismo quando nos olhamos no espelho comparado com quando vemos a nossa imagem numa fotografia de grupo sem estarmos totalmente cientes.
“As nossas descobertas indicam que a recompensa da dopamina está ligada ao processamento aprimorado do próprio rosto, mesmo quando a informação é subliminar”, explicou o autor, Nakano. “Além disso, a discriminação da nossa face em relação à dos outros parece depender de informação de partes faciais“.
No entanto, a forma como o nosso cérebro processa estas imagens subliminares ainda não é totalmente clara. Os investigadores acreditam que sabem em que áreas tal ocorre, tal dá aos cientistas um ponto de partida para este tipo de pesquisa. Por um lado, esta descoberta pode ter relevância no que diz respeito à manipulação da automotivação, pois a rede de dopamina está diretamente ligada à perceção subconsciente de imagens faciais. Contudo, o envolvimento da amígdala indica uma conexão emocional com a autoimagem – o motivo pelo qual nos vemos ao espelho.