Saiba porque é que as mulheres são tão importantes para a diabetes

As mulheres têm uma grande influência no estilo de vida da família, sobretudo em termos alimentares, na escolha da composição das refeições, nos lanches que os filhos levam para a escola. Por isso, as suas decisões têm peso quando se fala em diabetes, a doença que se define por uma presença anormal de elevados níveis de açúcar no sangue. Portanto, a prevenção também está nas suas mãos. Tanto mais quando se sabe que até 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos precisamente com alterações no estilo de vida.

É pela importância que o sexo feminino acaba por ter no quotidiano da família que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu dedicar o dia evocativo da doença – que se assinala esta terça, 14 de novembro – a elas, lançando a tema Mulheres e Diabetes: O Nosso Direito a um Futuro Saudável». A escolha não é por acaso.

A mulher desempenha um papel fundamental em termos educacionais”, diz Joana Louro, especialista em Medicina Interna e Diabetes do Centro Hospitalar Oeste, nas Caldas da Rainha. As decisões domésticas, as compras de supermercado, o que colocar no prato, ainda passam muito pelas suas mãos. As suas opções são, por isso, muito importantes na prevenção desta doença.


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Neste momento, 11% das mulheres portuguesas são diabéticas e há situações que requerem atenção. Uma em cada cinco mulheres em fase reprodutiva tem diabetes tipo 2, o que pode significar complicações cardíacas. No caso do tipo 1 pode originar abortos e malformações fetais.

Uma em cada seis gravidezes são afetadas pela diabetes gestacional, podendo condicionar decisões relacionadas com o parto. E as mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um risco elevado de vir a ter uma diabetes tipo 2 no futuro. Uma em cada duas vai mesmo desenvolver uma diabetes desse tipo ao longo da vida. Por isso, atenção redobrada e acompanhamento médico.


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“A diabetes é um problema transversal ao género e a todas as idades. Neste momento, é um problema crónico e com um impacto económico e de saúde pública enorme”, sublinha a médica. Cerca de 415 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de diabetes e as expectativas não são animadoras: em 2040, estima-se que 640 milhões de pessoas sejam diabéticas. No nosso país, tem-se verificado um aumento da prevalência da doença com 168 novos casos todos os dias. E calcula-se que 400 mil diabéticos em Portugal não estão diagnosticados.

Prevenção como o melhor caminho para evitar a doença

Estimular a prática de exercício físico e promover a constância dessa mesma atividade. “Como uma coisa natural, intrínseca ao dia a dia, como um motivo de prazer da família, como tempo de qualidade”, refere Joana Louro. Ao mesmo tempo, não se pode descurar o que se mete à boca. “Ter uma alimentação saudável, eliminar tudo o que é produto processado, equilibrar com produtos naturais, evitar tudo o que é açúcar direto e indireto”. E aí estão os refrigerantes, os sumos, os chás transformados em sumos. Evitar tudo o que é bolos, doces.


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Se há diabetes, então é necessário lidar com ela e fazer tudo para a controlar, até porque se trata de uma doença crónica que pode criar complicações a vários níveis, como enfartes e acidentes vasculares cerebrais. “A diabetes não dói, a diabetes não mata”, afirma a especialista. O maior perigo são as complicações de saúde. Se o diagnóstico está feito, é preciso manter o estilo de vida saudável, ter atenção ao que se ingere, praticar atividade física, manter um peso saudável, medir com regularidade os níveis de açúcar no sangue, tomar a medicação se for prescrita.

Não existe cura para a diabetes, o que se pode fazer é controlar e tratar para que não haja complicações”, diz Joana Louro. “A chave do controlo desta doença está na prevenção”, acrescenta. O que, na sua opinião, está a falhar. “E vai continuar a falhar enquanto não houver vontade política efetiva para que isso não aconteça”. A obesidade é um problema para a diabetes. Por isso, a importância dos estilos de vida e, uma vez mais, do papel das mulheres.

Sara Dias Oliveira

Imagem de destaque: Shutterstock