Salete Mendes: “Somos bem vistas nas empresas por termos formação escutista”

foto_1

Desde os nove anos que Salete Mendes frequenta a Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP) , movimento escutista que, entre outras, não professa qualquer religião, distinguindo-se, assim, dos escuteiros católicos em Portugal – o Corpo Nacional de Escutas.

Atualmente, já com 31 anos, esta chefe nacional adjunta conta com 22 de militância na organização. Crê que o movimento a educou para a igualdade, mas também para a autonomia, para a proteção e para o espírito de equipa, valores atualmente merecedores de a atenção de quem contrata, considera a responsável.

Que diferenças nota entre o escutismo misto face a movimentos exclusivamente femininos no que diz respeito às mulheres?

Não considero que exista grande diferença entre homens e mulheres no escutismo e isso vê-se pelo elo que existe entre os dois géneros. Tanto cozinhamos, como fazemos escaladas. Há mistura e daí decorre mais proteção, que existe de parte a parte. A minha irmã esteve nas Guias de Portugal e sinto que as atividades que elas promoviam não eram tão diferenciadas como as dos escoteiros, havia menos aventura. Olhe, na minha patrulha – a Castor [dos 14 aos 17 anos] -as raparigas é que montavam o campo, faziam as construções, e o rapaz é que cozinhava (risos). Eu fazia sempre a vedação, outras duas raparigas faziam a mesa, os rapazes preparavam a tenda e cozinhavam.

Em que é que o escutismo foi importante para a sua formação como mulher?

Noto mais diferenças na parte profissional. Considero-me uma pessoa autónoma e acho que ter crescido no movimento me deu isso. Considero que somos bem vistas nas empresas por termos formação escutista. Já houve alturas em que isso não foi assim, mas a mentalidade mudou e acredito mesmo que uma mulher pode ver favorecida a sua contratação por ter feito esse percurso.

Porquê?

Porque identificam, em primeiro lugar, capacidades ao nível do espírito de equipa, depois creio que associam a parte da proatividade e a criatividade. Há também a questão da lealdade. E mesmo que as pessoas não saibam bem o que é o escutismo, acho que associam o movimento a essa característica. Portanto, é toda a parte da educação não-formal, que é exatamente o que se aprende no escutismo.

E quais as diferenças que considera existirem face a outras mulheres que não foram escuteiras?

Talvez note alguma diferença na postura, pela maneira como transmitem os objetivos, como se comporta perante a sociedade.

Imagem de destaque: DR