Crise nos saltos altos. Vendas caíram 71% na pandemia

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[Fotografia: Pexels]

Adeus festas, reuniões presenciais, saídas para o trabalho e à noite. A pandemia veio trazer silêncio a estas celebrações e, com elas, a roupa de festa e aos imperdíveis sapatos de salto alto. De acordo com valores internacionais relativos ao segundo semestre de 2020, este setor do calçado caiu cerca de 71% em tempo de covid-19.

Os resultados são ao nível global, segundo o site Glossy, e não muito diferentes em Portugal. “Os sapatos altos tiveram quebra brutal e os valores, em Portugal, não devem estar estar muito longe desses que são apresentados a nível global”, diz Luis Onofre.

O designer de calçado e presidente da Associação Portuguesa Indústria de Calçado, Componentes, Artigos, Pele e Sucedâneos (APICCAPS) fala numa “quebra de faturação geral em Portugal non setor do calçado foi na ordem dos 16%” e que, em geral “até foi bastante melhor do que em muitos países como Espanha ou Itália”.

E depois da pandemia? Vão os saltos altos voltar a desfilar com a mesma frequência? “Vamos lá ver se isto dá uma volta. Mas creio que vai haver uma apetência grande por parte das mulheres pelos saltos, isto se ainda souberem andar neles”, graceja Onofre.

Mais a sério, o presidente da APICCAPS crê que “o regresso das festas, dos casamentos no momento em que todos estiverem libertos da covid-19 vai voltar a suscitar o interesse”, recuperando da “quebra de biliões de pares vendidos em todo o mundo, em 2020”.

Mas se os sapatos estão a descer do salto, o crescimento dos desportivos disparou, acentuando colossalmente uma tendência que já tinha a instalar-se na moda: a inclusão dos sapatos de conforto em todos os estilos. Os dados internacionais refletem em certa medida isso mesmo: “O Vietname, por exemplo, teve uma quebra de 80% no calçado, mas a Indonésia – que produz muitos componentes para desportivos e não só – cresceu 12% em 2020”, vinca o designer ao Delas.pt

“Em Portugal há casos extremos de pessoas com muito trabalho, imensas encomendas e um ano de 2020 fantástico, sobretudo devido à produção de sapatos de conforto e dos que são usados nos hospitais. Toda a zona de Felgueiras que tem apostado na linha desportiva tem estado com bastante trabalho”, vinca o presidente da associação do setor.

Que acrescenta: “A aceitação de confort shoes tem sido incrível e tem sido uma área com enorme capacidade de criação, passando por pantufas e mocassins reinventadas, em pelo. Há muitas empresas a readaptarem-se à nova realidade”, diz Onofre, citando o exemplo da Nike, que acabou de lançar uns ténis que podem ser calçados sem ter de precisar das mãos para os atar.

O caminho, com ou sem quebras, é, porém, só um: “Temos de nos reinventar e caminhar pelo lado sustentável, há uma procura grande nesse sentido”.