Sarah Jessica Parker: “Às vezes estar sozinho é bom”

DIV_CB_Ep201_04_03_17_118

Começa esta quinta-feira, 18 de janeiro, às 22h30, no canal TV Séries, a segunda temporada de ‘Divorce’. Nesta parte da série, começa com as assinatura do divórcio entre Frances (Sarah Jessica Parker) e Robert (Thomas Haden Church) e o início de uma nova fase na vida de casa um. A personagem de Sarah Jessica Parker vai redescobrir como é viver sozinha, mas também qualidades que julgava perdidas em sim e no ex-marido. Leia a entrevista coma atriz,

A temporada começa com a Frances [personagem interpretada pela Sarah] e o Robert [Thomas Haden Church] a assinarem finalmente os papéis do divórcio, que é uma maneira muito finita de abrir uma série. Como descreveria o tom desta segunda temporada, por comparação com a primeira?

É um bocadinho mais esperançosa. Houve um intenso e saudável debate sobre por onde começaríamos. Vamos começar duas semanas depois? Dois meses depois, um ano depois? Queremos considerar o que aconteceu na autoestrada, ou não? Vamos lidar com isso depois? E então tivemos uma brusca naquilo que o nosso argumentista tinha deixado umas semanas antes das filmagens. A nossa nova argumentista Jenny Bicks entrou e só tivemos seis semanas. Por norma, leva-se quatro a cinco meses para criar uma série de televisão e isso significa que perdemos dois episódios. Temos apenas disponíveis oito episódios nesta temporada, o que é mais difícil. Não temos um episódio para gastar. Então recomeçámos aí.

Que feedback teve com esta representação do casamento e do divórcio?

Fiquei surpreendida com o quanto as pessoas gostaram dela. As pessoas assistiam à série com os seus parceiros, com os seus maridos. Outras pessoas que não viram disseram no Instagram: ‘Não consigo. É muito penoso, não quero ver, e não é divertido’. Mas na maiorias das vezes fiquei surpreendida pelo que facto de as mulheres dizerem que viam a série com os seus maridos e namorados.

É inegável que foi uma temporada bastante dolorosa.

Sim, e tivemos de descobrir uma maneira de sair daí. Mas não se pode simplesmente fazer diferente só porque a audiência o iria preferir – tem de se ir mudando de uma forma honesta. Não se pode sacrificar e trair tudo o que se fez na primeira temporada numa tentativa de construir boas relações. Por isso, espero que o tenhamos feito de uma maneira correta.

A sua personagem parece estar cada vez mais a encontrar o seu próprio caminho, na carreira, nos relacionamentos. Isso não é estranho para ela, que estava com o Robert desde a faculdade?

Tento pensar no tempo que passei sozinha. E passei. E ainda passo. Por muito que as viagens de trabalho possam ser disruptivas para qualquer pessoa, no outro dia foi a Los Angeles só para ficar uma noite. E fiquei, ‘wow’, um quarto de hotel só para mim. Não sei exatamente o que ganhei com isso, mas às vezes estar sozinho é bom.

A Frances tem uma ideia muito clara do que quer dos encontros, daquilo que pretende, enquanto o Robert avança muito mais depressa…

Eu ouvi dizer que é isso que os homens fazem. Ouvi mesmo. Diria que provavelmente, são, em particular, os homens que estão acostumados a uma relação. Eu tenho a certeza que me senti a torcer pela Frances de repente para que ela arranjasse um companheiro também. Mas acho que as mulheres acabam por ser mais como os gatos. Ou seja, talvez sejam simplesmente mais independentes. Especialmente, para mulheres que tenham sido independentes de outras maneiras e tenham revelado isso nas suas vidas é mais fácil. Percebo que a personagem do Thomas não quisesse estar sozinha.

Mas quando ele começa a namorar a sério, a Frances parece passar a vê-lo sob uma nova luz. O que é que acha que ela passou a ver nele?

Penso que ela finalmente o vê como homem. Ele tem essa pessoa na sua vida e ela vê-o a mostrar coisas que em tempos foram apelativas nele e que estavam adormecidas. A sua relação com a Jackie enaltece tudo aquilo que a Frances tinha esquecido sobre o Robert ou a que já não dava importância. É aquela velha questão de ver alguém através dos olhos de terceiros. Estava a pensar que isso acontece quando vê o marido através dos olhos dos filhos – a maneira como olham para ele, quando ele entra, ou às vezes mesmo a forma como os seus amigos, os amigos dele, o veem. É bom sermos lembrados por aqueles que não estão presentes nos momentos chatos e monótonos dos minutos, do dia a dia, de que são feitos os casamentos quando se tem filhos.

Na última temporada falámos de Esther Perel, que escreveu ‘Mating in Captivity’, e que fala sobre o facto de passarmos a ter vários casamentos ao longo da vida, seja com pessoas diferentes, seja com a mesma pessoa, de mudarmos e de os casamentos mudarem com isso. Também acha que o casamento precisa de evoluir dessa forma?

Sim, provavelmente isso é verdade. Se olharmos para os casamentos bem-sucedidos diria que ela provavelmente está certa. Ou seja, provavelmente, em certa medida seria provado cientificamente, porque os casamentos têm de mudar e nós temos de saber, verbalizar ou dar a entender, que estamos de acordo com essas mudanças. Que ambos querem esse novo ambiente e acho que podemos olhar para relações que conhecemos e ver quando as pessoas ainda apreciam a companhia umas das outras, que apreciam essa fase em concreto, esse momento, esse capitulo do seu casamento.

Entrevista: International broadcast generic, completed in New York January 2018