Scarlett Johansson é o primeiro robô perfeito com cérebro humano

A rapidez com que a tecnologia tem evoluído e a forma como monitoriza, cada vez mais, a vida dos seres humanos pode ser assustadora. Há quem se impressione com o facto de no Facebook aparecerem publicidades que correspondem exatamente às últimas pesquisas que fizeram no Google ou quando o smartphone sabe exatamente onde trabalham e vivem, sem nunca lhe terem fornecido informações diretas sobre o assunto. Tudo isto leva-nos a colocar a pergunta: por este andar, como será no futuro? É a isso que o filme Ghost in the Shell – Agente do Futuro, que chega esta quinta-feira às salas de cinema portuguesas, procura responder. O tema central são as relações entre humanos e máquinas, pondo em causa as fronteiras entre a biologia e a tecnologia e levando-nos até a pensar no futuro de forma angustiante.

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Inspirado no universo “manga” e “anime” de Shirow Masamune, publicado em 1989, este filme conta a história de Motoko Kusanagi (Scarlett Johansson), uma jovem ativista japonesa que, por ser contra os desenvolvimentos tecnológicos feitos por determinadas empresas do país, acaba por ser capturada por uma dessas mesmas empresas para dar origem a um robô com cérebro humano. Ao retirarem o cérebro de Motoko do seu corpo original apagam-lhe também todas as memórias, dão-lhe o nome de Major e programam-na para combater outro robô com cérebro humano – por quem era apaixonada no seu passado enquanto humana –, também criado pela empresa, mas que lhes fugiu ao controlo e pretende destruí-los.

Durante toda a consistente narrativa dramática, Major combate o cibercrime e o ciberterrorismo aperfeiçoados da época enquanto se debate, internamente, com a dificuldade de não se lembrar de nenhum pormenor do seu passado. A frase “não é a memória que nos define, é aquilo que fazemos” chega mesmo, por essa razão, a ser uma das mais repetidas no filme.

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A conviver com Major na história estão outros robôs, humanos aperfeiçoados com ciberpróteses – há quem junte dinheiro para comprar um fígado tecnológico e poder aumentar a resistência do corpo ao álcool – e poucos (muito poucos) humanos totalmente de carne e osso.

Uma superprodução que acaba por ser mais um cliché de ficção científica

Este Ghost in the Shell do realizador inglês Rupert Sanders não é o primeiro filme inspirado na banda desenhada japonesa de Shirow Masamune. Em todo o território asiático, a personagem interpretada por Scarlett Johansson é um verdadeiro fenómeno de culto da cultura pop e já deu origem a videojogos e a um filme de animação, de Mamoru Oshii, 1995. A Portugal, esta longa-metragem japonesa chegou em 1997, tendo sido exibida no Fantasporto.

No entanto, a versão de Rupert Sanders não é uma cópia literal do “manga” nem um “remake” do filme de animação. Acaba por ser uma mistura dos dois produtos que nos surpreende com sofisticados efeitos visuais. Efeitos esses que se tornam ainda mais impressionantes se for ver o filme em 3D.

Filmado na Nova Zelândia, Hong Kong e Xangai, este filme de ficção científica vai mostrar-lhe dois mundos: bairros degradados e autênticos arranha-céus, semelhantes àqueles que atualmente podemos encontrar em países como os EUA ou o Dubai.

Apesar destas inovações, Ghost in the Shell é um cliché de ficção científica, muito semelhante ao que Fritz Lang fez em 1927 com Metropolis, Stanley Kubrick fez em 1968 com 2001: Odisseia no Espaço e Steven Spielberg fez em 2011 com A.I. Inteligência Artificial. Há uma organização que pretende infiltrar-se no Estado japonês para controlar o sistema, cientistas que criam aberrações que não conseguem controlar e robôs humanizados.

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Scarlett Johansson, uma polémica protagonista

A escolha da atriz norte-americana para dar vida à adorada Major não foi consensual e deixou milhões de fãs asiáticos furiosos. Preferiam que fosse uma atriz asiática a ficar com o papel. Contudo, Mamoru Oshii, o criador do filme de animação de 1995, veio a público defender Scarlett Johansson. Criticou os preconceitos que estão a invadir a sétima arte e acrescentou que um “cyborg” é um ser sem qualquer raça.

Controvérsias à parte, a atriz tem um bom desempenho no filme, adotando na perfeição as expressões e emoções típicas de uma criatura que, apesar de ter sido concebida em laboratório, tem consciência garantida pelo cérebro humano.

A ficção científica não é só para homens!

Os filmes de ficção científica costumam ser conotados para o sexo masculino, mas não são só os homens que gostam deste género de cinema e literatura. Há cada vez mais mulheres envolvidas e a gostar deste universo.

Na galeria de imagens acima mostramos-lhe exemplos de protagonistas icónicas de filmes de ficção científica e escritoras premiadas.