As mulheres do PSD querem que o partido conte mais com elas

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[Fotografia: Shutterstock]

As mulheres do PSD querem que o partido conte mais com elas nas suas estruturas e também nas autarquias, sobretudo em ano de sufrágio para câmaras e juntas de freguesia.

É a pensar neste objetivo que este núcleo promove, esta sexta-feira, 27 de janeiro, a conferência Autarquias no Feminino. Este encontro, que têm lugar na distrital de Lisboa do PSD, em Campo de Ourique, a partir das 21h00, pretende convocar mais mulheres para a atividade partidária e, ao mesmo tempo, chamar mais candidatas para as Autárquicas.

Mas serve esta conferência para deixar um recado ao partido antes do encerramento das listas de candidaturas? Lina Lopes, que pertence à comissão instaladora das Mulheres Social-Democratas, responde:

“Queremos dizer que estamos presentes, que estamos cá.”

Esta responsável deita por terra o argumento, comum na política partidária em geral, de que é há poucos elementos do sexo feminino.

“Então não tem? Claro que tem mulheres. O PSD tem cerca de 40% de militantes são mulheres. O que achamos é que se as mulheres virem outras, exemplos, percebem que a política não só uma coisa de homens”, refere, acreditando que é pelo exemplo que elas tomarão o pulso às funções.

Isto num país que obriga, pela lei e desde 2006, as estruturas políticas a respeitar uma paridade de 33%.

Para já, Lina Lopes recorda que ainda há obstáculos e aparelho partidário está entre o que mais pode bloquear este acesso. “Pedro Passos Coelho [presidente do PSD] quando elegeu a sua comissão política deu um sinal ao partido e incluiu nessa estrutura tantas mulheres e homens”. Mas há um se não.

“Já o Conselho Geral tem número reduzido de mulheres e isso é porque um aparelho não deixa”, critica.

E acrescenta outro exemplo: “Em 20 distritais, só há uma mulher, que foi eleita em Évora.”

Diz, contudo, que já estão a ser feitos esforços. “O partido, com este movimento de mulheres, já pediu ao Conselho Nacional uma resolução para que sejam colocadas mais do que 33% de mulheres – ir além do que a lei já obriga – nas listas”, antecipa Lina Lopes.

A constituir um núcleo dedicado ao sexo feminino dentro do partido, esta responsável sublinha que “já foi levado um projeto de resolução ao Congresso em abril para a criação da estrutura e foi aprovado”. Nesta fase, prossegue, “tem de haver todo um procedimento estatutário para criar essa estrutura autónoma”. Mas o objetivo, reitera, é o de deixar bem claro que as mulheres já estão envolvidas. “Estamos cá e que queremos ajudar o partido e podem contar connosco, queremos criar uma estrutura organizada de mulheres que olhem para a política de outra forma”.


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Nas últimas eleições autárquicas, em 2013, apenas 23 mulheres foram eleitas presidentes de câmara, num total de 308. O PSD obteve um dos rácios mais baixos, uma vez que entre os 86 presidentes de câmara eleitos, apenas duas eram mulheres. Uma em Arronches (Fermelinda Carvalho) e outra em Freixo de Espada em Cinta (Maria do Céu Quintas), o que representa 2,3%. Já a coligação entre o PSD e o CDS-PP elegeu, em Rio Maior, Isaura Morais- e que estará presente nesta conferência -, entre 16 presidentes de executivos camarários.