Se estamos na final também é por causa dela

Muito se tem falado da genialidade de Salvador Sobral, do seu estilo único, da sua capacidade interpretativa. Mas, se Portugal e a música ‘Amar pelos Dois’ sobe esta noite ao palco do Centro Internacional de Exposições de Kiev, na Ucrânia, como a favorita, entre 26, à vitória da Eurovisão, a culpa também é de Luísa Sobral, autora da canção qu representa o nosso país.

A irmã de Salvador tem uma carreira curta, mas consolidada, no mundo da música. Tentou a sua sorte na primeira edição do concurso televisivo ‘Ídolos’, em 2003, terminando em terceiro lugar. A vontade de voar levou-a até aos Estados Unidos para estudar na Berklee College of Music. Concluídos os estudos, em 2009, editou o seu álbum de estreia dois anos mais tarde.

A ‘The Cherry on my Cake’, de 2011, seguiram-se ‘There’s a Flower in my Bedroom’ (2013), ‘Lu-pu-i-pi-sa-pa’ (2014) e ‘Luísa’ (2016). Quatro trabalhos discográficos e vários prémios recebidos em território norte-americano foram suficientes para que a RTP a colocasse entre o conjunto de músicos convidados a compor para o Festival da Canção. Surgiu ‘Amar pelos Dois’, Luísa escolheu o irmão Salvador para lhe dar voz e a verdade é que Portugal está na Final da Eurovisão.

“Falei com o meu irmão antes de compor a canção, depois de uma reunião na RTP com todos os compositores, para ver se ele queria [participar] ou não e também porque gosto de escrever a pensar numa pessoa”, contou a autora em entrevista à organização do certame.

“Quando recebi o convite, e falando com toda a honestidade, não gostei muito por causa da fama que o Festival tem vindo a criar ao longo dos últimos anos. Não tem muito a ver com o tipo de artista que eu sou (…). Fui injusto e disse que não seria bom”. Salvador acabou por aceitar o repto da irmã. “Sabia que ela não ia escrever uma música que não tivesse nada a ver comigo. (…) Podia ser uma canção para estar num disco meu”, completou.

Sobre a mensagem que ‘Amar pelos Dois’ quer passar, Luísa Sobral explicou sempre ter achado “bonita a ideia de amar pelos dois se a outra pessoa deixar de gostar de nós”. E referiu que estes momentos são especiais, acima de tudo, por fazerem parte de uma “história de irmãos”.

Quanto a Kiev, desde o primeiro momento que o cantor, de 27 anos, espera que o público “sinta a canção”, ainda que a mesma seja interpretada em português. “[Os estrangeiros] Dizem-me que sentem a mensagem, mas não percebem a letra. Isto é do mais mágico que há, porque a música não tem língua”.