
Marlène Schiappa, de 40 anos, responsável governamental francesa com a pasta das áreas da Economia Social e Solidária e da Vida Associativa, posou de vestido branco e falou sobre os direitos da mulher, política e literatura na edição da revista para adultos, que sai esta quinta-feira, 6 de abril.
“Defender o direito da mulher de dispor do seu próprio corpo é feito sempre e em qualquer lugar. Em França, a mulher é livre”, escreveu Schiappa na rede social Twitter, no fim de semana.
Para o editor da revista, a secretária de Estado francesa – que é também autora de livros eróticos e muito ativa nas redes sociais é a política “mais compatível com a ‘Playboy'” porque está comprometida com os direitos das mulheres e entendeu que a Playboy não é mais uma revista para velhos machistas, mas pode ser um instrumento da causa feminista”.
Em entrevista coletiva, o porta-voz do governo, Olivier Vérann, afirmou esta terça-feira, 4 de abril que “Marlène Schiappa está a travar uma luta em prol dos direitos das mulheres que ninguém pode retirar ou contestar, às vezes com digressão, mas com eficácia e acima de tudo com sinceridade”. Vários membros do governo já tinham manifestado apoio a Schiappa, como o ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti, ou o ministro do Interior, Gérald Darmanin.
No entanto, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, terá telefonado, segundo fontes próximas avançadas pela agência France Presse, para Schiappa e ter-lhe-á dito que considerava a sua aparição na revista erótica “totalmente inadequada”, no atual contexto de tensão devido a uma impopular reforma da Segurança Social.
Invité ce matin sur Europe1 le Ministre de l’intérieur @GDarmanin apporte son soutien à @MarleneSchiappa sur sa Une Une de #playboy. Il cite Cookie Dingler : « vous ne me ferez pas dire de mal de Marlène Schiappa (…) être une femme libérée, c’est pas si facile » pic.twitter.com/pz50OoQdls
— Jeanne Baron (@jeannebarontv) April 2, 2023
Recorde-se que França está a ser palco de longos protestos em larga escala contra o aumento da idade de reforma de 62 para 64 anos a partir de 2030 e o aumento da contribuição para 43 anos a partir de 2027 para o direito a uma pensão total, reforma que o presidente liberal Emmanuel Macron adotou por decreto.
A oposição de esquerda criticou a estratégia de comunicação do governo, depois de o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, ter aparecido na revista LGBTQIA+ Têtu e de Macron ter dado uma entrevista à revista infantil Pif Gadget. “Estamos no meio de uma crise social (…) e tenho a impressão de que há uma cortina de fumo entre Têtu, Pif Gadget e Playboy”, lamentou a deputada ecofeminista Sandrine Rousseau na BFMTV. “A França está a sair dos trilhos”, de acordo com o líder de esquerda Jean-Luc Mélenchon.
AFP