O preto está de regresso ao guarda-roupa dos meses mais frios. Se este outono/inverno as cores vivas dominaram, na próxima temporada o mesmo não acontecerá. Pelo menos é essa a conclusão que podemos retirar do que vimos, até ao momento, da Semana de Moda de Nova Iorque. É certo que o evento ainda vai a meio, mas a inspiração rock e punk, que vimos surgir em Chanel na Alta-Costura, ganha agora mais força e promete conquistar-nos. A ousadia e a atitude são as palavras-chave, numa estação que mistura os anos 80 com o presente e que imprime nas peças o desejo de protestar contra a sociedade sensacionalista.
O “manifesto” de Jeremy Scott contra os media
Jeremy Scott, que nas últimas temporadas nos brindou com coleções coloridas, cingiu a sua paleta ao preto e branco. O designer baseou a sua coleção no sensacionalismo propagado pelos meios de comunicação. “Queria falar sobre a nossa obsessão consciente com títulos sensacionalistas, clickbait, com este tipo de cenários falsos e na facilidade com que as pessoas acreditam em mentiras”, afirmou em declarações à Vogue antes do desfile.
Scott criou padrões com palavras e frases como “Panic! Scandal! Psycho! Runaway teen’s bizarre story” (Pânico! Escândalo! Psicopata! A fuga bizarra de um adolescente”). Para acompanhar a mensagem de protesto, o designer inspirou-se na cultura punk e rock. Nesta coleção não faltaram saias e vestidos em tule, peças em cabedal e acessórios como botas de estilo militar, laços e boinas.
A feminilidade de Longchamp e a ousadia de Alexander Wang
Também a Longchamp destacou a atitude ousada e roqueira, e captou em simultâneo a feminilidade das parisienses com o espírito urbano de Nova Iorque. O resultado é uma coleção na qual predominam a seda e peças em couro, assim como o novo logótipo da marca. As propostas combinam o melhor da irreverência com a feminilidade, e transportam-nos para a mais urbana e cosmopolita das cidades combinando diferentes estilos.
Fora da Semana de Moda, mas com propostas para o próximo outono num registo mais colorido mas igualmente rockeiro, e inspirado nos anos 80 e inícios de 90, esteve Alexander Wang. Numa coleção em que predominaram o preto e os estampados animais, as peças em cabedal também assumiram destaque. As silhuetas largas, a ousadia na combinação de cores, as sobreposições e a aposta em acessórios, como os colares dourados, refletem a mesma vibe irreverente.
A decadência e a melancolia como forma de contraste
A atitude rockeira e ousada das coleções reflete o desejo de empoderamento individual e em simultâneo é também uma forma de protesto. Mas a atitude combativa não é a única maneira de retratar a realidade. De uma forma melancólica, Tom Ford optou por ilustrar a decadência da sociedade em silhuetas mais simples e com uma palete composta por preto e tons pastel.
O designer explicou que se sentiu influenciado pelo clima político, e que a coleção traduz o seu sentimento de cansaço e derrota. “Não quero olhar para roupas agressivas. Quero olhar para algo bonito, suave e mais simples”. O sentimento de Ford assemelha-se ao que vimos no desfile de alta-costura da Dior.
Veja na galeria acima as propostas dos criadores para o próximo outono/inverno 2019.
Ausências, estreias e regressos no arranque da Semana da Moda de Nova Iorque