Ser mãe é a coisa mais normal do mundo

Carla Macedo
Carla Macedo

Ser mãe é a coisa mais normal do mundo. A sério. Em Portugal, como lemos no texto ‘Dia de quem? Não quero ser mãe, obrigada!’, só 8 % das mulheres adultas portuguesas não o são. A sério. 8 em cada 100. Ser mãe é, matematicamente falando a média e também a moda. E anteriormente era ainda mais a norma. Nasceram milhares de crianças ao longo de milhares de anos. Não há nada de especial nesta coisa de ser mãe e há muito menos de romântico.

Quando assumirmos isto, talvez possamos reduzir as expectativas que impusemos sobre nós próprias. Podemos de quando em quando baixar os braços? Podemos perceber que os filhos vão ser resultado do seu próprio percurso e dos traços que trazem da barriga da mãe e que não são moldáveis à nossa imagem? Podemos desistir de ser super-mães e de ser super-tudo? Podemos fumar de vez em quando um cigarro na varanda sem nos sentirmos culpadas porque a criança pode acordar, chamar por nós e nós não a vamos ouvir à primeira? Podemos querer algumas vezes dedicarmo-nos mais ao trabalho, ou ao marido, ou ao hobbie, ou ao descanso do que aos filhos?

Posso estar enganada, mas parece-me ver demasiadas mães sozinhas, em grupos de competição – “eu sou melhor mãe do que tu porque amamentei até ao ano e meio do meu filho”, “eu sou melhor mãe do que tu porque desde que o bebé nasceu nunca mais saí à noite”, “eu sou melhor mãe do que tu porque os meus filhos têm ótimas notas”… E podia continuar com doces, fraldas de pano, truques de karaté, refrigerantes e roupa de marca.

Se entendermos que ser mãe é uma coisa normalíssima, que os miúdos conseguem crescer mesmo que nós não os impeçamos de cair às vezes, que não dependem só de nós para se fazerem gente, não seremos nós mais capazes de sermos felizes? Não serão eles por isso mais felizes também, mais compassivos e menos egoístas? Eu acho que sim.