Serra Leoa dá o primeiro passo para acabar com os ‘diamantes de sangue’

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O ‘diamante da paz’ posto à venda pelo Governo da Serra Leoa foi adjudicado na segunda-feira, em leilão, por 6,53 milhões de dólares (5,5 milhões de euros), o que marca uma rutura com a era dos ‘diamantes de sangue’.

O objetivo do Presidente serra-leonês, Ernest Bai Koroma, e do seu Governo é encorajar a prospeção e romper com a era dos designados ‘diamantes de sangue’, essas pedras preciosas que serviram para financiar conflitos em África, designadamente na Serra Leoa, entre 1991 e 2002, através de tráficos ilegais.

O comprador foi o joalheiro britânico Laurence Graff, indicou, durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque, Martin Rapaport, presidente do Rapaport Group, que organizou a venda e se comprometeu a não receber comissão. O diamante de 709 carates, cerca de 140 gramas, tinha sido descoberto em março pelos empregados de uma sociedade de prospeção mineira dirigida por um pastor evangélico, Emmanuel Momoh, na província diamantífera de Kono, no leste do país.

O pastor Momoh tinha enviado o diamante não lapidado ao Governo serra-leonês, que se comprometeu a vendê-lo e entregar-lhe 26% do produto da venda, o que representa 1,69 milhões de dólares, dos quais 339 mil vão para os cinco empregados que o descobriram. O Governo já garantiu que, dos 74% restantes, 59% vão para a administração fiscal e 15% para o fundo de desenvolvimento da região diamantífera.

O preço da venda é inferior ao que tinha sido proposto durante uma primeira venda em abril na Serra Leoa, quando foi de 7,1 milhões de dólares, operação então anulada pelo governo que tinha julgado insuficiente o montante. “Talvez seja o preço da transparência”, comentou Martin Rapaport, a propósito do ajustamento em baixa.

“É um dia histórico para nós”, declarou o porta-voz de Koroma, Abdulai Bayraytay, presente na conferência de imprensa. “Mudámos a história”, continuou, garantindo que o produto da venda deste diamante ia “contribuir para transformar a vida dos serra-leoneses”. Com o dinheiro do diamante o Governo deveria garantir “água, eletricidade e boas estradas ao povo”, reclama Gibril Sesay, vendedor no país.

“O montante conseguido foi bem mais baixo do que o esperado”, lamentou à agência noticiosa AFP uma funcionária que assistia em Freetown à transmissão televisiva, em direto, do leilão. “Acredito que o que comecei vai continuar”, declarou, por seu lado, o pastor Momoh, durante a conferência de imprensa, encorajando outros a seguirem o seu exemplo.

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