Cuca Roseta vítima de body shaming. Sete perigos desta agressão para a saúde mental

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[Fotografia: Gerardo Santos / Global Imagens]

Cuca Roseta é a mais recente vítima de body shaming. A fadista publicou uma imagem nas redes sociais, na qual se mostrava sensual. Nuno da Câmara Pereira, também ele fadista, com 70 anos, republicou a imagem e teceu críticas que, afinal, pouco ou nada tinham que ver com o género musical.

Uma atitude que levou Cuca Roseta, de 40, a responder à letra e a publicar uma imagem do seu rabo, tema afinal de toda esta polémica. “De repente fui inundada de mensagens a comentar o meu rabo, as minhas calças e o que devia vestir ou não devia vestir e fazer ou não fazer. (…) Vamos lá ver meus senhores, vivemos de uma forma livre, em que seja qual for a cultura onde nascemos cada um tem o direito de vestir o que quiser e bem lhe entender, desde os indígenas aos que utilizam burca e não ser julgado ou criticado pela diferença”, escreveu no Instagram.

Body shaming Cuca Roseta Nuno da Câmara pereira
[Fotografia: Instagram/Cuca Roseta]
“Até quando tanto ódio, tanta maldade, tanto preconceito e julgamento? Não chegou já a altura de olharmos para dentro? Não tivemos já tantas chamadas de atenção! Tantos desafios suficientes que nos obrigaram a olhar para as nossas casas, as nossas famílias, para a certeza de que nada é permanente? Está na cara que precisamos de cuidar mais de nós próprios, do nosso espírito, da nossa verdade e deixarmos o outro em paz. Não chega já de ferir os outros, só porque somos nós que temos o coração ferido? De culpar o outro, de chingar o outro? Bolas… Não é isso que vai sarar as nossas feridas”, considerou na mesma mensagem.

Uma troca de mensagens e recados na sequência do texto escrito por Nuno da Câmara Pereira.

“Não tenho hipótese… desisto de tentar… Tentar não isso… não! Desisto de mostrar o que não é fado e que cada vogal tem o seu valor próprio consoante a posição em que se coloca ela mesmo na palavra… perdida ou não!”, escreveu o fadista nas suas redes sociais.

Comentários e apreciações que geraram uma onda de protestos e que colocam Cuca numa das sete em dez portuguesas que já sofreram body shaming, prática muito comum nas redes sociais, mas não só.

Aliás, os insultos e comentários depreciativos do corpo são uma realidade para 66% das mulheres portuguesas que participaram num estudo em torno da imagem e das implicações na autoestima. Segundo este mesmo inquérito, apenas uma em cada quatro mulheres gosta do corpo que tem.

A maioria destes ‘ataques’ com sequelas no bem estar mental das mulheres parte de quem está mais perto da vítima: os comentários são feitos de “pessoas conhecidas (76%), seguindo-se por familiares (56%)”, com as redes sociais a representarem 8% das situações, como avança o comunicado enviado pela marca de beleza Dove – entidade autora do estudo – às redações.

Ordem dos Psicólogos alerta para consequências graves

Considerada uma “agressão”, o body shaming implica, de acordo com a definição da Ordem dos Psicólogos Portuguesa (OPP), “criticar ou humilhar alguém através de comentários negativos e depreciativos acerca do corpo ou aparência física (tamanho, forma, características ou forma de vestir)”.

No documento em que analisa esta prática que pode ser exercida quer nas redes sociais, quer presencialmente, a OPP alerta para riscos severos em matéria de saúde psicológica e que todos devem estar atentos. “Baixa autoestima, preocupação excessiva com partes específicas do nosso corpo, ansiedade, depressão, isolamento social, maior risco de desenvolver comportamentos alimentares disfuncionais”, entre outras consequências negativas, alerta a Ordem na documentação já publicada sobre a matéria e na qual dá pistas sobre como atuar.

Cuca Roseta lança livro sobre bem-estar

O Teu Fado é Ser Feliz. É sob este título que Cuca Roseta deixa, em livro, todos os seus rituais e práticas de saúde e bem-estar de quem sido rosto. Uma obra que reúne recomendações, pistas, mas também “mantras, poemas e fados” que canta.

No livro, da editora Albatroz, a fadista deixa 11 conceitos essenciais para compreender e viver de bem com a vida. Da adversidade à fé, passando pela aceitação, pela arte, pelo desapego e, entre outros, pela liberdade