Sexo: quando a quantidade importa mais do que a qualidade

Estudos recentes referem que os millennials não fazem tanto sexo como as gerações anteriores, chegando mesmo a afirmar que as séries surgem como primeira opção face às relações sexuais. Ainda assim, a quantidade de sexo continua a ser uma medida importante – seja para os casais de longa duração que têm menos relações do que antes ou para os solteiros que ficam longos tempos sem o fazer.

Mas será que a quantidade de vezes que fazemos sexo importa assim tanto, ou a qualidade será melhor medidor? Para a sexóloga espanhola Sonia Encinas, entrevistada pela revista feminina S Moda, a grande maioria dos estudos feitos até à data foca-se sempre na quantidade de vezes que se deve fazer sexo e não aborda a qualidade das relações e a sua importância.

“Vivemos numa sociedade hipersexualidade e de rendimento. Temos que ter rendimento no trabalho e em todos os outros aspetos da nossa vida, incluindo o sexo”, afirma a psicóloga clínica e sexóloga Carme Sánchez ao mesmo meio de comunicação, acrescentado ainda que “valorizamos mais a quantidade do sexo do que o próprio desejo sexual ou a vontade que a pessoa tem“, afirma.

Para a especialista, a questão da quantidade do sexo acaba por nos cansar, tal e qual como a rotina do trabalho o faz, porque esta acaba por se tornar mais uma “tarefa da lista diária” que temos que ver cumprida.

E esta é uma realidade que se coloca também às mulheres portuguesas. Segundo dados recolhidos pelo maior estudo sobre as mulheres alguma vez feito em Portugal, levado a cabo pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, as portuguesas valorizam mais o prazer que o número de relações sexuais, preferindo a quantidade de orgasmos à quantidade de sexo.

A pressão da comparação continua a ser real

Apesar disso, a pressão para ter relações sexuais continua a ser real. Carme Sánchez afirma inclusive que a comparação com a quantidade de sexo que os outros dizem ter é um dilema atual. E, tal como Sonia Encinas, afirma que, não raras as vezes, as pessoas acabam por mentir em relação ao tema para não se sentirem, de alguma forma, inferiores ou menos ativas.

“A versão assimilada pela maioria é a de que quando mais, melhor”, afirma a Carme Sánchez, contando a história de que vários casais chegam ao seu consultório a afirmar que têm problemas nas suas relações mas que, no fim, chegam à conclusão que apenas se estão a comparar às suas amizades, explica.

Para Sonia Encinas, continuar a alimentar a ideia de que temos que ter um número específico de relações sexuais é “uma loucura absoluta“, acrescentando ainda que esta ideia é apenas “um medidor de frustrações e todos os dados que a suportam estão longe da realidade”.

O que ambas as especialistas afirmam é que, de facto, devemos desfrutar do momento e valorizar a qualidade de cada ato em vez de nos preocuparmos com a quantidade de vezes que mantemos relações sexuais com os nossos parceiros. Até porque há pessoas que podem ter desejo sexual para ter relações todos os dias e outras que, por sua vez, ficam satisfeitas com um encontro sexual por semana.

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