A cantora colombiana Shakira, que foi casada com o futebolista Gerard Piqué de quem se separou num longo processo polémico e público, vem agora contar a sua versão sobre a forma como afirma que a Autoridade Tributária espanhola a tem perseguido. Num relato exclusivo ao jornal espanhol El Mundo, a estrela mundial da música fala de Inquisição, queima na fogueira e “machismo estrutural”.
“As coisas não se resolvem queimando na fogueira uma figura pública por ano como se se tratasse de um processo da inquisição para, assim, recuperar o prestígio perdido”, lê-se.
Uma resposta longa e detalhada ao público espanhol na qual a estrela de temas como Hips don’t’ lie e Waka, Waka afirma ter sido vítima de “uma estratégia na qual também está subjacente um preconceito sexista”. E prossegue: “Se o cantor fosse um homem americano, se se tivesse apaixonado por uma espanhola e a visitasse regularmente, acho difícil acreditar que a Agência Tributária teria considerado que ele tinha intenção de fazer um acordo.” Para Shakira existe um “machismo estrutural que pressupõe que uma mulher só pode seguir um homem, mesmo quando isso não lhe convém. Um machismo que sobrevive em setores da burocracia estatal numa sociedade que – felizmente – já pensa de forma muito diferente”.
Entre as duas razões que a levam a escrever agora sobre o acusação de fuga ao fisco espanhol – no valor de 14,5 milhões de euros entre 2012 e 2014 num processo que culminou em acordo, em novembro de 2023 -, a cantora colombiana fala dos filhos e da necessidade de ser a própria a escrever a sua própria história”.
Sobre o primeiro motivo, Shakira diz querer deixar um “legado de uma mulher que explicou as suas razões com calma e no seu tempo, quando considerou necessário, e não quando foi obrigada a fazê-lo”. “Preciso que eles [filhos] saibam que tomei as decisões que tomei para os proteger, para estar ao lado deles e seguir em frente com minha vida. Não por cobardia ou culpa. Quero que compreendam que o meu amor pela Espanha e pelos meus queridos amigos e familiares espanhóis ainda perdura, mas nem tudo é igual. Às vezes, o compromisso com a verdade é mais importante do que o próprio conforto. Se naquele momento tomei a decisão de fazer um pacto pelos meus filhos, neste momento tomo a decisão de falar, porque é o que a minha consciência me pede”, detalhou.
Já sobre o segundo momento, ser dona e voz da sua própria história leva-a a, tal como as músicas que canta, “voltar a viver em paz e virar a página”. E conclui: “neste pequeno artigo (que pode ler no original aqui) há mais verdade sobre mim do que em tudo o que foi publicado em 2023. Os funcionários da Agência Tributária que me julgaram podem não ficar muito felizes em lê-lo, mas, francamente, pouco me importa. Não o escrevi para eles.”