Shakira e Claudia Schiffer citadas nos Pandora Papers por contas’ offshore’

shakira
[Fotografia: EPA/John G. Mabanglo]

A cantora colombiana Shakira e a modelo alemã Claudia Schiffer detêm contas ‘offshore’. As estrelas internacionais da música e da moda foram dois dos nomes que emergiram da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação. Nos apelidados Pandora Papers, é revelada uma lista com mais de quatro centenas de líderes mundiais, políticos e funcionários públicos, bem como uma série de celebridades e outros bilionários.

Os assessores de comunicação de Shakira e de Schiffer já vieram a terreiro garantir que o dinheiro enviado para fora do país não tinha por objetivo a fuga aos impostos.

A cantora e a supermanquim dos anos 90 não são, porém, as únicas. Com uma fortuna estimada em 800 milhões de euros em 2020 (segundo a Forbes), o cantor espanhol Julio Iglesias também surge na lista, associado a uma vintena de empresas ‘offshore’ nas Ilhas Virgens, com a pretensão de organizarem o seu património.

De Portugal também surgem nomes.

O mapa dos “Pandora Papers” identifica três políticos portugueses com “segredos financeiros”, políticos que o semanário Expresso, que integra o consórcio ICIJ, diz serem Manuel Pinho, Nuno Morais Sarmento e Vitalino Canas.

A pesquisa efetuada pelo Expresso revela que Nuno Morais Sarmento, atualmente vice-presidente do PSD, foi o beneficiário de uma companhia offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas que serviu para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique; Vitalino Canas teve uma procuração passada para atuar em nome de uma companhia, também registada nas Ilhas Virgens Britânicas, para abrir contas em Macau; e Manuel Pinho era o beneficiário de três companhias ‘offshore’ e transferiu o seu dinheiro para uma delas quando quis comprar um apartamento em Nova Iorque.

Outros políticos envolvidos

Os Pandora Papers apontam atividades ilegais a perto de 340 políticos e funcionários públicos de 91 países e territórios, entre os quais Portugal, que criaram cerca de mil empresas, mais de dois terços das quais sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas.

O antigo ministro francês e ex-diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, fez transitar vários milhões de dólares de honorários por consultoria a empresas através de uma sociedade marroquina isenta de imposto O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair e a sua mulher, Cherie, adquiriram em 2017 um edifício de escritórios através da compra de uma sociedade nas Ilhas Virgens que era proprietária dos espaços, uma transação que lhes permitiu economizar cerca de 400 mil dólares em impostos.

Entre chefes de Estado e de Governo, está também o rei da Jordânia. Abdullah II, que chegou ao poder em 1999, adquiriu 14 luxuosas propriedades nos Estados Unidos (uma, no valor de 106 milhões de dólares, em Malibu, na Califórnia) e no Reino Unido (em Londres e Ascot), graças a uma rede de sociedades ‘offshore’, situadas em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens. Os advogados do monarca disseram ao ICIJ que as compras foram feitas com a sua fortuna pessoal e que o recurso a sociedades ‘offshore’ foi feito por razões de segurança e discrição.

CB com Lusa