Shantala: uma massagem que pode fazer muito mais pelas crianças

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Nasceu na Índia, integra a Medicina Ayurvédica (tradicional naquele país) e faz parte do quotidiano da relação entre a mãe e o seu bebé. Além de os tornar mais próximos e acontribuir para uma ligação de paz e serenidade, está provado que esta técnica soluciona e previne alguns problemas de saúde dos petizes. Tem por nome Shantala e foi trazida nos anos 70 para o Ocidente por Fredérike Leboyer, obstetra francês que se apaixonou pela prática ao ver uma mulher paraplégica massajar o seu filho numa das ruas mais pobres de Calcutá.

Descobriu que naquele país a massagem é muito utilizada e passada de mãe para filha há mais de cinco mil anos. Foi então que investigou, fotografou, aprendeu e começou a escrever livros sobre a técnica, batizando a mesma em homenagem à mãe que conheceu, de nome Shantala. Também confirmou o que já muitos terapeutas defendiam: que o toque e o amor podem curar.

Benefícios sem fim

“Esta prática deixa o bebé muito mais tranquilo, ativa a circulação sanguínea e linfática, o que melhora o funcionamento de todos os órgãos e ainda o sistema imunológico”, explica Deva Avani terapeuta e especialista em diversas técnicas de massagem, entre as quais a Ayurvédica, e terapias holísticas

“Também promove o desenvolvimento sensório motor, permitindo ao bebé adquirir uma excelente consciência corporal”, acrescenta Avani. Por exemplo, quando começam a andar têm tendência para contornar melhor os obstáculos e evitar quedas. Vários estudos sobre as vantagens da Shantala comprovam-no.

“A massagem contribui para um melhor funcionamento do sistema gastrointestinal bem como endócrino, reduzindo assim as cólicas, gases e situações de stress do bebé”, garante a terapeuta. Por outro lado, estimula e melhora o seu padrão respiratório, podendo diminuir as complicações muito comuns nestas idades, fortalecendo, ainda, o sistema muscular e articular.

“Esta técnica pode e deve ser dada desde a primeira semana até aos cinco ou seis anos”, elucida Avani, “sendo que os resultados em bebés com limitações e/ou deficiências são admiráveis, embora cada caso seja um caso e haja patologias que necessitem do acompanhamento de um especialista.”


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Aliás, um estudo exploratório sobre os benefícios da Shantala em bebés com Síndrome de Down, levado a cabo em 2004 pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, Brasil, concluiu que após 120 dias, esta massagem beneficiou as crianças que aperfeiçoaram os movimentos mais rapidamente do que o esperado. Por outro lado, as mães aprenderam a aceitar as limitações de seus filhos e a manuseá-los adequadamente. Além de que houve maior interação com os restantes membros da família e maior facilidade em estimular as crianças.

Como aprender a massajar o seu rebento?

A Shantala, embora siga alguns protocolos, não é difícil de aprender, mas há uma sequência a ser seguida que deve ser respeitada. Para a conhecer pode ler-se sobre o tema, ver vídeos no youtube ou conversar com outros pais que já a tenham praticado. “No entanto, é importante sempre que possível a formação guiada por um profissional para que a técnica, os pormenores e adaptações a cada bebé sejam corretamente apreendidos”, adverte Deva Avani. “Existe, também, outra questão trabalhada durante a formação e que é muito importante: o estado emocional da mãe e pai”. (Pode consultar as datas de cursos próximos em: www.mindbody.pt, www.imt.pt e www.shambala.pt )

De forma geral, a mãe senta-se com as pernas esticadas, costas eretas e ombros relaxados, pousando o bebé com a cabeça voltada para seus pés, e os pés do bebé encostados ao seu abdómen. A massagem inicia-se com a criança de barriga para cima, começando-se pelo tórax, passando depois para os membros superiores e posteriormente para os inferiores. Então o bebé é colocado de bruços para receber a massagem nas costas e nas pernas; e, por último, é virado outra vez de barriga para cima para ser massajado no rosto.

É preciso compreender que se vai tocar e manipular um ser extremamente frágil! Deve-se primeiro criar uma rotina para se fazer a Shantala, ou seja, deve acontecer sempre à mesma altura do dia, de preferência ao anoitecer, pois favorece um soninho reparador e longo.

Para facilitar os movimentos e manipulações terá que ser utilizado um óleo vegetal. “Na Índia usam tradicionalmente óleo de sésamo, o que aconselho; sugerindo, também, o de grainha de uva”, esclarece a terapeuta.

Mas existem outros cuidados essenciais como procurar um lugar tranquilo, onde ambos possam permanecer sem serem interrompidos, com temperatura agradável e sem correntes de ar. As roupas da mãe devem ser confortáveis para que fique à vontade. Quanto às mãos terão que estar limpas, aquecidas, sem adereços e unhas bem cortadas para evitar magoar a criança.

Segundo o obstetra francês Frederick Leboye, “é preciso conversar com a pele do bebé, que tem sede e fome como o seu estômago”. O médico enfatiza ainda a importância de quem vai aplicar a massagem dever estar 100% presente e manter o olhar em conexão com os olhinhos da criança. Assim, ao receber o ‘toque’, o bebé sente-se mais seguro e amado. Os estímulos que receberá produzem endorfinas e hormonas que reforçam sensações de carinho, calor, amizade: um verdadeiro ato de amor!