Sharon Tate: 50 anos de uma morte glamourizada ao estilo de Hollywood

Sharon Tate tinha 26 anos e estava grávida de oito meses do filho do realizador Roman Polanski, com quem casara, quando foi brutalmente assassinada, na sua casa, em Los Angeles, por membros da seita liderada por Charles Manson. O crime aconteceu a 9 de agosto de 1969, faz esta sexta-feira 50 anos.

Desde então, a vida de Sharon Tate, modelo e atriz promissora, à altura da sua morte, tem sido praticamente resumida ao seu macabro assassinato, sendo revisitada, com alguma frequência, em documentários ou na ficção. O mais recente exemplo é o filme Era Uma Vez… em Hollywood, de Quentin Tarantino, com estreia marcada para dia 15 de agosto. Neste filme, passado no final dos anos 60, em torno da indústria do cinema, Margot Robbie interpreta Sharon Tate.

Era Uma Vez… em Hollywood esteve para estrear nos cinemas a 9 de agosto, para coincidir com a data da morte de Sharon Tate, o que gerou controvérsia, sobretudo junto da família da malograda atriz, que acusou os responsáveis pelo filme de explorarem comercialmente esse fatídico acontecimento.

Quando surgiram as primeiras notícias sobre o filme, ainda em 2018, Debra Tate, irmã de Sharon, manifestou desagrado com o facto de haver mais uma produção a fazer a família reviver a tragédia. “Tem sido uma exploração desde o primeiro dia”, afirmou, citada pelo site Deadline, referindo-se aos trabalhos que foram sendo feitos, ao longo dos anos, sobre o homicídio. “Atualmente está transformado em algo que é mais ficcionado do que verdadeiro”, acrescentou, considerando que “celebrar os assassinos e a parte mais obscura da sociedade, como se fosse, de alguma forma, sexy e aceitável, é simplesmente perpetuar o pior da nossa sociedade”.

“Sou veementemente contra qualquer coisa que o promova. Sou obrigada a lidar com isso há 50 anos”, declarou.

Debra Tate, em 2012, na 12ª. audiência que negou a liberdade condicional a Charles Manson, falecido em 2017. [Fotografia: Reuters]

Em entrevistas recentes, Quentin Tarantino afirmou que quis mostrar, com o seu novo filme, que Sharon Tate era mais do que uma vítima.

“Fiz muita pesquisa sobre a Sharon e apaixonei-me pela figura. Ela parecia ser uma pessoa incrivelmente doce (…) Todos os amigos e conhecidos dela contam a mesma história sobre ela, a de uma beleza não afetada, apenas esse poço de bondade”, disse em julho deste ano, à revista Entertainment Weekly.

Segundo o realizador, cada relato que encontrou sobre a atriz confirmou essa versão. “Infelizmente, ela foi definida pelo seu assassinato. Pensei que a melhor maneira de mostrar o que ela era, seria, em vez de ter uma série de cenas dela com o Roman [Polanski] ou com outras pessoas, mostrá-la a sair sozinha, a conduzir por Los Angeles, a fazer as suas tarefas. Queria dar ao público um vislumbre do que a Sharon era antes do homicídio, para que vissem que ela era mais do que apenas uma vítima.”

A carreira de Sharon Tate, no cinema, terá começado oficialmente, em 1961, no filme Barabbas, com Anthony Quinn, filmado em Itália. Nascida a 24 de janeiro, de 1943, a atriz, que viveu vários anos em Verona, com os pais, até regressar aos Estados Unidos da América, onde começou a participar em produções de cinema e séries de televisão, notabilizou-se pelos filmes Por Favor Não Me Mordam o Pescoço e O Vale das Bonecas, ambos de 1967 e ambos realizados por Roman Polanski, com quem viria a casar.

Na galeria, acima, veja imagens da atriz em alguns dos filmes que fez.