Sintomas da varíola dos macacos e como se transmite

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[Fotografia: AFP PHOTO / RKI / Andrea Maennel / Andrea Schnartendorff]

Portugal registava este domingo, 22 de maio, 37 casos da doença varíola dos macacos, também conhecida como Monkeypox. Dados revelados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que adianta, em comunicado, terem sido confirmados mais 14 casos de infeção humana pelo vírus, segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Na nota emitida pela autoridade de saúde, a mesma lembra os sintomas caraterísticos da doença e que passam por febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço acompanhadas de lesões ulcerativas, erupção cutânea e gânglios palpáveis. Considera-se que a sintomatologia é menos severa que a varíola mais comum, que não há tratamento e que a cura chega espontaneamente após 14 a 21 dias de sintomas, ocasião em que a infeção deve terminar.

Sobre as formas de contágio da doença, a DGS pede a implementação de medidas mediante os sintomas suspeitos já apresentados, “devendo os indivíduos abster-se de contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas, em qualquer estadio, ou outros sintomas”.

A doença transmite-se com o contacto com roupas, lençóis e toalhas usadas por alguém com lesões de pele, o encosto a bolhas e crostas na pele e pela tosse ou espirro de pessoas com o vírus.

Em Portugal, segundo a DGS, estão em curso os inquéritos epidemiológicos dos casos suspeitos que vão sendo detetados, com o objetivo de identificar cadeias de transmissão e potenciais novos casos e respetivos contactos. Relativamente à situação dos doentes, a DGS refere que se mantêm “em acompanhamento clínico, encontrando-se estáveis e em ambulatório”.

O período de incubação (tempo desde a infeção até ao aparecimento dos sintomas) do vírus “Monkeypox” é geralmente de 7 a 14 dias. A doença dura, em média, duas a quatro semanas e em África mata até uma em cada 10 pessoas, de acordo com o CDC.

Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a “Monkeypox”.

A doença rara, que tem o nome do vírus, é endémica na África Ocidental e Central, mas menos perigosa que a varíola, erradicada do mundo há 40 anos. O vírus Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

Espanha define protocolo e uso de máscara por infetados

A doença foi detetada nos últimos dez dias em pelo menos 12 países, incluindo Portugal, Espanha, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Suécia e agora Israel e Suíça.

No país vizinho, o Ministério da Saúde e as comunidades acordaram sábado, 20 de maio, o protocolo a seguir para os infetados com o vírus da varíola dos macacos (Monkeypox), que prevê o uso da máscara, o isolamento para os infetados e que os seus contactos reduzam ao máximo as interações sociais, enquanto os casos suspeitos aumentam, a maioria na Comunidade de Madrid. Além desta, seis outras regiões espanholas monitorizam possíveis casos. A Organização Mundial de Saúde confirmou cerca de 80 casos em todo o mundo e cerca de 50 casos suspeitos de contágio pelo vírus Monkeypox.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças recomendou na quinta-feira o isolamento de casos suspeitos e a vacinação para contactos de alto risco com pessoas com “Monkeypox”.

ONU alerta para perigo de “ estereótipos racistas e homofóbicos”

A ONU advertiu que alguns comentários e informações sobre o surto de infeções com o vírus “Monkeypox”, um parente do vírus que causa a varíola, usam linguagem e imagens que “reforçam estereótipos racistas e homofóbicos”. “As lições aprendidas com a sida mostram que o estigma e a culpabilização de certos grupos podem prejudicar a resposta a um surto”, alertou em comunicado o Programa da ONU para o VIH/sida (ONUSIDA), com sede em Genebra, na Suíça.

Segundo o ONUSIDA, a linguagem e as imagens usadas em certos comentários e informações sobre o surto de infeções com o vírus “Monkeypox” exacerbam a estigmatização dos africanos e da comunidade LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexuais).

O ONUSIDA assinalou que, pese uma parte significativa dos 92 casos identificados em 12 países ter sido detetada em pessoas LGBTI, o risco de contágio não se limita a este grupo, mas a qualquer pessoa que tenha tido contacto físico próximo com pessoas que foram infetadas com o vírus.

“Reiteramos que esta doença pode afetar qualquer um”, afirmou, citado no comunicado, um dos diretores-executivos adjuntos do ONUSIDA, Matthew Kavanagh, sublinhando que a retórica estigmatizante pode criar um “clima de medo” que leva muitas pessoas a não recorrerem aos serviços de saúde, dificultando o rastreio de novos casos.

CB com Lusa