A regra é abrandar o ritmo pela educação dos filhos

O conceito não é novo, mas parece ser cada vez mais pertinente, face à velocidade a que as famílias vivem atualmente e à forma como a pressa pode interferir na qualidade das relações e da educação dos filhos.

Para contrariar esse ritmo, tantas vezes avassalador, surgiu, em 2008, o slow parenting, impulsionado por Carl Honoré, o criador do slow movement. Se este último é um movimento que apela ao vagar e convida à desaceleração, o primeiro junta a esta premissa à parentalidade, definindo-se como uma parentalidade sem pressas.

O que nem sempre é fácil é levar a teoria à prática, ou, pelo menos, fazê-lo sem recorrer à ajuda ou orientação profissionais. O slow parenting é uma das áreas que a psicóloga Raquel Santos trabalha e um dos pontos do workshop que vai realizar no próximo sábado, em Lisboa.


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Em declarações ao Delas.pt, a psicóloga afirma que é “muito difícil, mas não impossível” aos pais desacelerarem a sua vida e aplicarem os princípios deste movimento, mesmo quando eles próprios têm pouco tempo.

“A ideia é sempre começar com pequenas mudanças. E às vezes uma pequena alteração muda muitos comportamentos nas crianças. Dez minutos de atenção ativa, plena com um filho muda muita coisa”, explica.

Há alguns pressupostos que ajudam a pôr em prática este estilo de parentalidade – como pode ver na nossa fotogaleria –, mas o slow parenting implica, sobretudo, o chamado “tempo de qualidade”. “Ter tempo para estar com os filhos, e dar atenção apenas a esse momento, e ouvir a criança atentamente em todos os momentos” que a ela são dedicados, é um caminho para um exercício menos apressado da parentalidade.

Nas consultas e nas iniciativas que envolvem os pais, Raquel Santos faz questão de falar deste movimento. Em parte porque acredita ter “vários princípios que hoje são esquecidos na relação entre pais e filhos”. Por outro lado, Raquel Santos também reconhece que, nos dias de hoje, a conciliação da vida laboral e familiar não dá margem para grandes alterações. É preciso estudar caso a caso e perceber como e onde se podem introduzir mudanças.

“No meu trabalho com pais tento perceber o que é melhor para cada família, faço intervenção a vários níveis, desde a observação do tipo de relação estabelecida entre pais e filhos, ao treino de desenvolvimento e implementação de novas competências parentais”, refere a psicóloga de 30 anos.

Formada pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em Lisboa, Raquel Santos tem desenvolvido o seu trabalho no projeto ‘Oh, foi sem querer’ , através do qual realiza workshops e palestras, em consultas no espaço be.live e intervenções ao domicílio.

Na apresentação que vai ter lugar no próximo sábado, além do slow parenting serão também abordados outros estilos de exercício da parentalidade, como a importância da vinculação no desenvolvimento da criança ou a parentalidade positiva que ensinará “diferentes estratégias para lidar com desafios de autoridade, birras, estratégias positivas para colocar regras e limites”, conclui a psicóloga.