Sobrevivente a ataque com ácido é cara de marca de moda

Laxmi Saa tinha 15 anos quando foi atacada na cara, com ácido, por um homem de 32 anos, a quem recusou o pedido de casamento.

Agora, a ativista de 26 anos, que protagoniza campanhas contra a venda ilegal de ácido na Índia, que é causa de mil ataques brutais todos os anos – e muitos mais haverá que não são denunciados –, é um dos rostos da nova coleção da marca de moda indiana Viva N Diva.

Rupesh Jhawar, um dos fundadores da marca, explica à BBC que Laxmi traz uma nova perspetiva em relação à moda e beleza. A Viva N Diva pretende “consciencializar o público que a beleza está para lá dos simples atributos físicos”.

Beleza vista de maneira diferente
“Para os meus olhos, habituados a ver todos os dias mulheres de pele perfeita em frente a uma objetiva, esta visão [de Laxmi Saa] foi perturbadora e inspiradora ao mesmo tempo”, contou. “Por momentos, vi a beleza de forma muito diferente e queríamos captar isso – retirar qualquer vestígio de vitimização daqueles olhos e dar-lhes um palco, um trabalho, uma plataforma, um meio para desfilarem com estilo.”

Lexmi, por seu lado, explicou à BBC: “Vi aqui uma oportunidade, representando uma marca de roupa, como plataforma para me tornar num exemplo para mulheres como eu, para que elas possam ser confiantes e ter coragem, apesar da sua imagem.”

“Esta também foi uma plataforma para enviar uma mensagem clara aos criminosos, de que as mulheres não vão perder a coragem mesmo depois de serem atacadas com ácido para destruir a sua beleza física”, disse Laxmi Saa.

A jovem ativista recorda ainda o dia em que foi atacada. “Primeiro, senti frio. Depois, ardeu muito. E então o ácido derreteu a minha pele.” Lexmi defende que haja uma discussão alargada no país a sobre este tipo de atos criminosos. “O problema não é apenas o de ser vítima, mas também a vitimização por parte da sociedade. Somos tratadas como imprestáveis, como se as nossas vidas fossem um desperdício.”