Professores e estudantes de Engenharia Eletrónica, da universidade colombiana de Sede Manizales, estão a tentar caminhar no sentido da deteção precoce do cancro da mama e criaram, para isso, um novo soutien. Esta tecnologia pretende identificar, em minutos, os primeiros sinais de que se está perante o desenvolvimento de tecidos anómalos no peito, evitando assim a expansão da doença.
Imagem do protótipo divulgado no site da universidade (DR)
Este novo soutien conta com pequenos sensores de infravermelhos que permitem determinar a diferença de temperatura registada em ambos seios.
Para a equipa de investigadores – que garante contar com a assessoria de médicos especializados no desenvolvimento desta tecnologia –, a presença de células anómalas gerará mais irrigação sanguínea, o que levará a variações de temperatura detetáveis. “Quando se está na presença de células estranhas em glândulas mamárias, o corpo requer mais circulação e fluxo sanguíneo onde estão instaladas as células invasoras. Basta essa alteração e a temperatura aumenta”, explicou a estudante e investigadora Maria Camila Cortes Arcila, em declarações ao site da Universidade Nacional de Sede Manizales.
Os sensores recolhem, então, as temperaturas, enviam a informação para um software específico e, posteriormente, os dados são processados e analisados. Apesar de a equipa clarificar que esta técnica não pretende substituir a consulta de um médico, a verdade é que pretende vir a disponibilizar mais um método de diagnóstico de uma doença que, uma vez detetada numa fase precoce, é tratável.
Um dos objetivos da equipa é desenvolver melhor este soutien eletrónico de forma a que seja acessível a qualquer mulher. A equipa não avança, porém e para já, uma data para a comercialização desta peça de engenharia, que deverá estar disponível no setor de mercado de roupa íntima feminina.
“Temos desenvolvido alguns projetos no campo da eletromedicina, com o apoio do professor Jorge Hernán Estrada, e desde junho do ano passado que estamos a trabalhar especificamente nesta iniciativa, porque queremos fazer algo que parta da engenharia e que tenha o objetivo de ajudar muitas mulheres afetadas por esta doença, em parte devido à falta de conhecimento e de prevenção”, declarou María Camila Cortés Arcila.
Processo de desenvolvimento da tecnologia
A primeira etapa do trabalho foi levada a cabo em julho de 2015, no Hospital de Caldas, em Manizales. Por um período de três minutos foram monitorizadas as temperaturas do peito de mulheres saudáveis. Entre outubro e novembro de 2015 foi medida a temperatura de mulheres diagnosticadas com cancro da mama. O diferencial entre ambos registos foi posto em comparação para apurar resultados. Ao mesmo tempo, a equipa de investigadores declara ter captado imagens através de câmaras térmicas, que mostravam também as variações de temperatura, fazendo assim testes de controlo e validação aos primeiros resultados registados.
No total, foram sujeitas a estes testes 189 mulheres, um grupo classificado de acordo com as seguintes caraterísticas: 166 saudáveis, 12 com patologias mamárias distintas do cancro da mama, quatro com cancro e sete sujeitas a mastectomia.
Nesta fase, o grupo espera contar com o apoio do Instituto Nacional do Cancro de Bogotá com o intuito de reunir o maior número de mulheres diagnosticadas com a doença e que não tenham sido sujeitas a mastectomia ou a tratamentos de quimioterapia ou radioterapia. O propósito é simples: alargar a amostra desta investigação.