Está no escritório, tem uma apresentação importante para fazer e não está com as unhas arranjadas. Já aconteceu a todas, certo? O que faz? Opção A – esconde as mãos nos bolsos ou por debaixo das mangas, que estica até às pontas provocando tanta curiosidade que acaba por distrair as pessoas que devia estar a impressionar com a sua sapiência. Opção B – corta as unhas até ao sabugo com a tesoura da secretária. Opção C – Recorre à Sparkl, o primeiro serviço estilo Uber para manicure. Manda uma mensagem através da aplicação no Messenger do facebook e recebe em troca o nome da pessoa que irá ter consigo ao escritório e salvá-la de fazer uma triste figura.
E o que é a Sparkl? É uma startup de beleza – sim, também as há – criada por Mariana Bettencourt e Filipa Mascarenhas, duas gestoras com carreiras anteriormente firmadas em grandes marcas, que decidiram seguir o sonho de ter o seu próprio negócio. Filipa passou pela Beiersdorf, Edimpresa, Temps e Tissot. Mariana foi jornalista e nos últimos anos era diretora de marketing digital e comunicação na L’Óreal. Amigas desde os 16 anos, decidiram unir esforços.
Em 2012, registaram uma marca para manicures no trabalho, a Nails at Work, idêntica à atual Sparkl. “Fizemos um business plan na altura e chegámos à conclusão que não era o momento certo,” conta Mariana ao Delas.pt. Voltaram a arriscar e nasceu a Sparkl. “No início, éramos só as duas e fomos trabalhando e desenvolvendo o negócio mas sem grande investimento,” explica Filipa. No final do ano passado, a Sparkl foi uma das três vencedoras do Lisbon Challenge 2017, um programa de aceleração de startups, ganhou um prémio no valor de 60 mil euros e percorreu um programa de profissionalização que a levou a uma avaliação final de 1 milhão de euros. “Foi um período de grande aprendizagem em que testámos os nossos limites ao máximo,” recorda Mariana.
E como funciona a Sparkl? Como uma aplicação, através do Facebook, que junta esteticistas freelance e clientes- uma espécie de uber da beleza. “Quando reserva, a pessoa pede o serviço e as horas que pretende e, se houver alguma dúvida, será esclarecida de imediato,” explica Filipa. “É super simples, rápido e conveniente.”
E seguro, garantem. O facto de funcionar através da rede social, permite ‘examinar’ o perfil dos clientes que solicitaram o serviço de modo a garantir a segurança dos profissionais que trabalham com a Sparkl. A par dos amigos em comum, local de trabalho, entre outros dados, “quando uma cliente marca, conseguimos ver ser é um perfil falso ou não,” explica Mariana. “Além disso, porque toda a gente tem o Facebook instalado e, assim, não precisa de ter mais uma aplicação. É user friendly.”
A Sparkl não tem serviço próprio. Funciona com freelancers que usam a plataforma para ter acesso a mais clientes. “Quase como se fossemos as bookers delas,” explica Mariana. “E depois têm que cumprir algumas regras para as coisas funcionarem bem.” As fundadoras apostam numa seleção de qualidade, recrutando profissionais que apresentem certificados e ainda um perfil específico, desenhado pelas empreendedoras: “Tem que ser ágil, que tenha carro ou, mesmo que não tenha, que seja uma pessoa desenvencilhada que consegue ir de transportes, e que lida bem com redes sociais e com apps.”.
“Sentimos que fazemos a diferença na vida das pessoas, tanto das clientes, como das profissionais, e isso é espetacular”
Os serviços oferecidos vão dos diversos tipos de manicure e pedicure à maquilhagem (para o dia a dia, festas ou noivas), cuidados para o cabelo, com várias opções– e preços são acessíveis. A manicure normal (curta duração) e o gelinho (longa duração) são os serviços mais pedidos. As marcações estão disponíveis das 8h às 23h, sete dias por semana, por enquanto na área da Grande Lisboa (linha de Cascais, Lisboa centro, Sintra, Amadora Loures, Odivelas, entre outros locais
Os serviços podem estender-se ao escritório, basta que as entidades empregadoras autorizem a prestação de serviços nas suas instalações. “A empresa não paga os serviços aos colaboradores, mas permite-nos estar lá em horário laboral,” explica Mariana. A Sparkl assina um protocolo, no qual a empresa se compromete a disponibilizar uma sala para os colaboradores receberem os cuidados de beleza e ainda o horário em que autoriza a Sparkl a prestar os seus serviços no local em questão (divulgados via e-mail). Os colaboradores da empresa também podem agendar e pagar os serviços online.
Para Filipa e Mariana esta ideia não é apenas um negócio. “Sentimos que fazemos a diferença na vida das pessoas, tanto das clientes, como das profissionais, e isso é espetacular,” diz Filipa. Mariana faz referência ao facto de a mulher portuguesa trabalhar, em média, 4h30 por dia em tarefas pós-laborais. “Chega a uma fase da vida em que todos estão à frente de nós próprias: a família, o trabalho, os filhos, a casa, as compras, o jantar,” frisa. A Sparkl foi por isso criada também para potenciar a autoestima das mulheres, pois permite “agendar um serviço de beleza em casa, a qualquer hora e em qualquer dia da semana e do ano”.
Por enquanto, os clientes da Sparkl são sobretudo mulheres. O género masculino que não se sinta excluído. Os serviços de beleza ao domicílio deste projeto foram pensados para elas…e para eles. “Em Portugal, ainda somos muito conservadores no que toca aos cuidados de beleza dos homens,” ressalva Mariana. “Acho que os homens querem cuidar de si, mas têm este preconceito, algo que não se encontra tanto no comportamento de outros homens europeus. Então facilita quando pedem os serviços em casa e não têm que ir a um sítio e estar expostos,” acrescenta a empreendedora, contando ainda que, habitualmente, são as mulheres que pedem os serviços para eles.
Imagem de destaque: Mariana Bettencourt e Filipa Mascarenhas © Leonardo Negrão / Global Imagens
App de beleza permite experimentar várias colorações virtualmente
