Sugadores de clitóris: mitos e verdades sobre a nova estrela dos brinquedos sexuais

pexels-ron-lach-6755543
[Fotografia: Ron Iach/Pexels]

Os brinquedos sexuais têm ganhado destaque em tempos de pandemia e de uma sexualidade que, para muitas, é feita mais a sós. Há, contudo, um sex toy que tem merecido maior atenção: os sugadores de clitóris. Seja porque passaram a ser abertamente falados por famosas e anónimas, seja porque se tornaram aliados do prazer das mulheres, a sós ou acompanhadas, em tempo de isolamento.

Há, contudo, ainda alguns receios relativamente à escolha e ao uso deste sex toy por parte das mulheres, Para desfazer mitos que persistam, duas sexólogas explicam ao Delas.pt o que deve saber e ao que não deve dar ouvidos. Tudo em nome do prazer e de uma experiência seja a solo, seja a pares. Sim, porque os brinquedos sexuais não têm por objetivo substituir ninguém. A intenção é apenas tirar partido do prazer de outras formas.

“Muitas pessoas perguntam se os sugadores e os brinquedos sexuais em geral são viciantes e se o clitóris fica insensível, se houver um uso muito frequente”, nota Tânia Graça. A sexóloga lembra que ”é natural que haja uma certa dormência quando se para, mas, daí a 30 minutos no máximo, recupera-se a sensibilidade. Não há uma perda de sensibilidade. Ela é momentânea, em função da potencia do brinquedo, mas volta de seguida”, refere.

Tânia Graça [Fotografia: Facebook]

Quanto ao lado da dependência e de uma eventual futura exclusão de intimidade com outra pessoa, Tânia Graça também deita esse argumento por terra. “Se eu mostro à minha vulva ou ao meu cérebro – o primeiro órgão sexual – apenas um estímulo, isso pode não ajudar a prazo. Agora, aqui a chave está em variar os estímulos: às vezes um sugador, outras a minha almofada, a cabeça do meu chuveiro, usar um filme ou conto erótico”, enumera.

O importante é manter viva a relação entre o contacto físico e a imaginação. “Quando nos condicionamos a um sabor, é natural que depois nos seja fácil de outras formas. Recomendo o recurso a vários estímulos para que o corpo e o cérebro aprendam vários formatos de prazer”, afirma a especialista.

A sexóloga Megwyn White, que tem trabalhado com a marca detentora da Satisfyer, explica que um produto que vibra ou estimula indiretamente ajuda a estimular o fluxo sanguíneo e energiza os nervos circundantes”, lembrando que “as contrações pélvicas desempenham um papel importante na resposta sexual”.

Megwyn White [Fotografia: Facebook]
Megwyn White [Fotografia: Facebook]

Por isso, vinca que “a vibração não compromete a saúde vaginal”. Já sobre um uso excessivo, Megwyn White e Tânia Graça estão de acordo: “Pode haver uma quebra de sensibilidade por um período de tempo”, mas regressa. A sexóloga norte-americana recomenda, em conversa por escrito ao Delas.pt, que se “envolva a respiração para integrar qualquer tipo de estimulação (…) de modo que a experiência não seja localizada numa única área”.

White põe fim ao mito de que estes brinquedos sexuais mais vocacionados para o clitóris podem alterar a saúde vaginal. “Ele é mantido parcialmente dentro do pavimento pélvico, pelo que envolver os músculos ajuda a estimular o clitóris internamente”, explica. “Como o clitóris é uma ponte entre a superfície externa da vulva e também atua como um ativador para o corpo interno da vagina, é a chave para o prazer sexual feminino. Manter o clitóris recetivo à estimulação e energizado pelos músculos pélvicos circundantes é essencial para a saúde e o bem-estar sexual. Não há necessidade de nos desconectarmos à medida que envelhecemos. Os brinquedos sexuais que envolvem o clitóris podem ser extremamente úteis para fazer a ponte ao cumprir essa função”, ressalva a especialista.

E deve-se ou não usar lubrificante? “Não há absolutamente nenhuma vergonha nisso”, responde Megwyn White. “O lubrificante é uma ótima maneira de ajudar a aumentar a estimulação e reduzir o atrito. Algumas mulheres têm muito lubrificante natural e podem decidir deixar de o usar, mas se não for esse o caso, então é tempo de encontrar um que se goste e que encaminhe nessa viagem”, recomenda.