Suzy Cameron: “As mulheres estão mais abertas a tornarem-se vegan e a quererem que os filhos também sejam”

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Fotografia: Paulo Spranger/Global Imagens

O que consumimos, como nos alimentamos, o que vestimos e o que desperdiçamos são questões que estão cada vez mais na ordem do dia à medida que o combate às alterações climáticas toma lugar cimeiro na agenda política e social.

Por isso, a edição em Portugal do livro Mude de Alimentação, Salve o Planeta – O Plano OMD (Nascente; €19,90), de Suzy Amis Cameron – atriz, ecologista e mulher do realizador James Cameron (Avatar, Titanic) – , não podia ter tido melhor contexto para se apresentar.

Neste livro, com mais de 350 páginas, a autora propõe, com o plano OMD, a adoção de uma refeição de origem vegetal por dia para melhorar a saúde e o ambiente. Entre receitas e listas de compras, para ajudar nessa tarefa, Suzy Cameron, 57 anos, mãe de cinco filhos, aborda a sua própria experiência e a do seu marido na transição de uma alimentação à base de produtos de origem animal para uma dieta vegetariana, ao mesmo tempo que chama a atenção para o impacto da agropecuária nas alterações climáticas e no ambiente.

A autora e ativista esteve em Lisboa, no início desta semana para apresentar o seu livro – semana que começou com a Cimeira do Clima da ONU e terminou com a greve estudantil contra as alterações climáticas. Nesta breve passagem por Portugal, Suzy Cameron conversou com o Delas.pt e explicou o que a levou a mudar a sua dieta alimentar, quais as vantagens dessa mudança, como ter uma alimentação vegetariana – saborosa e criativa – e, em simultâneo, poupar tempo e dinheiro.

Na entrevista, a ecologista falou ainda da sua escola 100% vegan, das políticas de alimentação com impacto ambiental, da pecuária e da agricultura e defendeu uma taxa para a carne bovina equivalente à do tabaco, elogiando a decisão da Universidade de Coimbra de eliminar a carne de vaca das cantinas.

“Quando fizemos o derradeiro anúncio de que nos tornaríamos 100% vegetarianos [na escola] perdemos 50% das nossas crianças. Foi muito desafiante no início, mas recuperámos”, diz ao Delas.pt

A moda e a sustentabilidade foram outro dos tópicos da conversa, que pode ler na íntegra, abaixo.

 

Segundo o seu livro, em 2012, começou uma dieta vegan, com o seu marido, o realizador James Cameron. Conforme conta, foi uma decisão da noite para o dia, súbita. Como é que foi possível sustentá-la e mantê-la, com base numa decisão repentina?

Tem sido uma descoberta interessante desde essa altura. Para mim e para o Jim [diminutivo de James] foi muito fácil, porque assim que tomamos uma decisão, ela está tomada. E foi o que fizemos. Mas o que descobri é que só uma percentagem pequena de pessoas faz isso, é que muda totalmente logo no início. Para a maioria é mais fácil fazê-lo de forma gradual, ao longo do tempo. Por isso é que escrevi este livro, que é sobre fazer uma das refeições diárias à base de vegetais. E dou vários exemplos, que são muito fáceis, como usar leite de soja para os cereais, em vez de leite de vaca, ou cozinhar massa apenas com molho de tomate. Mudar de forma simples, alterando ou o pequeno-almoço, ou o almoço ou o jantar.

Apesar de ter sido fácil para ambos, no livro faz notar que antes de adotar uma dieta totalmente vegetariana já consumia bastante sopas e saladas. O seu marido, nem por isso, era mais carnívoro. Foi mais difícil para ele do que para si esta mudança?

Sabe, acho que não. Na realidade, ele começou a comer as sopas comigo – chamava a ‘dieta das sopas da Suzy’ [risos]. E era realmente assim, porque adorávamos sopas e cultivávamos os nossos próprios vegetais. Eu sempre adorei alimentos frescos, mas eu cresci no Oklahoma, e criávamos vacas e porcos, e comíamo-los. Eu adorava queijo e iogurte. O iogurte foi a coisa mais difícil de abdicar. De resto, eu e o Jim também tínhamos cabras na nossa quinta e produzíamos o nosso próprio iogurte, queijo e leite de cabra e parámos a sua produção. Penso que desistir disso foi o mais difícil para mim. Mas sim, o Jim era um pouco mais “carnívoro”, em comparação comigo, e quando começámos a dieta vegetariana ele disse-me que não iria ser dogmático, que iria fazê-lo por considerar que era realmente importante para a nossa saúde, para o ambiente. “Vou encarar a carne como um bolo de aniversário”, disse ele. E, cerca de um mês depois começarmos a dieta, saímos para celebrar o nosso aniversário [de casados], e ele pediu filet mignon. O bife veio, ele comeu talvez um terço, e no dia e meio seguinte ele dizia que se sentia como se estivesse com uma ressaca de carne. Porque o que acontece quando se muda para uma dieta totalmente vegetariana, é que o processo de digestão muda, o corpo habitua-se a digerir mais fibras, vegetais, frutas e alimentos do género e a capacidade para digerir a carne baixa. O corpo humano, na realidade, não está feito para comer quantidades massivas de carne.

Portanto, foi por razões de saúde que decidiu deixar de ter animais e a produção de laticínios para consumo alimentar, apesar de ser produção biológica?
Sim, para mim começou com uma questão de saúde. Depois o Jim começou a explicar-me a questão ambiental. Mas muitas pessoas pensam que se é carne biológica, se é alimentada nos pastos, deve ser saudável. Mas não é e afeta o corpo da mesma maneira, continua a ser um produto animal.

 

Suzy Cameron esteve em Lisboa para a apresentar o seu livro “Mude de Alimentação, Salve o Planeta – O Plano OMD (One Meal a Day)” [Fotografia: PAULO SPRANGER/Global Imagens]

Tem também uma escola, a MUSE, que fundou há mais de dez anos, com a sua irmã, e que é considerada a primeira escola vegana do ensino básico, nos EUA. Como é que tem sido a adaptação das crianças, dos alunos, e das suas famílias a essa filosofia?
Nós decidimos que seríamos 100% em setembro de 2015. Em janeiro de 2014 fizemos o anúncio dessa intenção, portanto levámos oito meses a educar a nossa comunidade escolar nesse sentido. Fizemos comités de alimentação com as crianças, com os professores, com os pais. Levámos à escola médicos, cientistas do clima, autores, atletas, chefs…Cada mês tínhamos uma pessoa que ia à escola falar e dar a sua perspetiva sobre a alimentação de base vegetal, fosse do ponto de vista da saúde ou da performance desportiva. Quando fizemos o derradeiro anúncio de que nos tornaríamos 100% vegetarianos perdemos 50% das nossas crianças. Foi muito desafiante no início, mas recuperámos e ultrapassámos o número anterior. Agora temos famílias de toda parte dos Estados Unidos a mudarem-se para a Califórnia para que os filhos frequentem a escola.

São famílias que já seguem uma dieta vegetariana?
Não necessariamente, mas muitas delas querem segui-la. Por isso, inscrevem os filhos. Ou não o são, mas sabem que é bom para os filhos terem uma refeição dessas por dia. E depois são os filhos que vão para casa pedir mais vegetais, para ter uma pequena horta… Temos famílias a perguntarem-nos como podem criar uma horta, plantar determinados vegetais, a pedirem receitas. Uma vez ultrapassado aquele revés inicial – que foi desafiante -, tem sido incrível ver como as crianças influenciam as suas famílias. Nós temos hortas na escola e 90% daquilo que as crianças comem, nas refeições diárias, é cultivado por elas. Elas plantam-nas, cuidam delas, colhem-nas, aprendem a prepará-las para serem cozinhadas, comem-nas e depois aprendem a fazer a sua compostagem. Portanto, eles aprendem a saber de onde a vem a sua comida.

E aprendem a respeitar mais o ambiente, como consequência disso?
Completamente.

Falando em ambiente, o que espera que traga a mais recente cimeira do clima, promovida esta semana pela ONU, com os líderes mundiais?
Bom, para mim, como americana, esse é um grande desafio, neste momento. Faz-me querer trabalhar ainda mais para garantir que as pessoas estão a ser educadas e consciencializadas para aquilo que se passa, porque o nosso líder [Donald Trump] está a fazer tudo no sentido oposto. É realmente dececionante. Mas a ONU está muito consciente das questões do clima e outros líderes, um pouco por todo o mundo também. E a agropecuária está na agenda do combate às alterações climáticas. E isso é positivo. E os relatórios científicos do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas [IPCC, na sigla em inglês] defendem um aumento do consumo de vegetais e um decréscimo do consumo de produtos animais. Portanto, este é um tema cada mais debatido e isso é muito importante.

Mas basta mudar de uma dieta alimentar baseada na carne para uma dieta de base vegetal? Não precisamos também de mudar a forma como consumimos e produzimos? Ou seja, não podemos vir, no futuro, a ter problemas ambientais à mesma, problemas nos solos decorrentes do cultivo intensivo de determinados vegetais, como acontece com os campos de soja, em alguns pontos do globo, por exemplo?
Bom, eu e o Jim construímos, no Canadá, uma estrutura que faz o fracionamento de sementes de legumes, que processa ervilhas, feijões de soja, grão-de-bico e lentilhas, e desse fracionamento extraímos proteínas, fibras e amidos. Temos estado a trabalhar com as entidades responsáveis para criar [a partir desse processo] produtos alimentares, que vão ser lançados no próximo mês no Canadá. Mas trabalhamos diretamente com os agricultores locais e, ao mesmo tempo, estamos a ensiná-los também – porque muitos usam métodos convencionais – na transição para uma produção orgânica. De qualquer forma, quando cultivamos plantas, vegetais estamos a alimentar os solos, estamos a ajudar a fixar nitrogénio, no solo. Eu sei que a opção de voltar a uma dieta vegetariana não é uma opção realista para toda a gente, em todo o mundo. Embora, pessoalmente, gostasse que fosse. Mas, lá está, se mudarmos, pelo menos, uma refeição diária para esse tipo de alimentação, isso pode fazer a diferença. Quando começamos a ouvir falar dos problemas ambientais, é deprimente, sentimo-nos paralisados, incapazes de fazer alguma coisa individualmente. Será que toda a gente consegue pagar um carro elétrico, ou painéis solares para as suas casas? Provavelmente, não. Mas pode decidir o que comer, e conheci muitos jovens que se tornaram vegetarianos por causa do ambiente. Quando as pessoas se sentam para comer, podem escolher uma opção que faz mal ao ambiente ou uma opção que não faz.

Mencionou a questão económica. A gestão da alimentação, em casa, é sobretudo feita pelas mães, muitas delas mulheres trabalhadoras. Como é que elas, que muitas vezes têm salários baixos, podem fazer uma opção consciente, quando na maioria dos supermercados, os produtos vegetarianos são mais caros que os produtos de origem animal?
Sim, é verdade, os produtos que encontramos nas mercearias e nos supermercados atualmente são tão ou mais caros que a carne, produtos como as salsichas, hambúrgueres [vegetarianos]. Mas um saco de feijão, de lentilhas, um pacote de arroz ou de quinoa não custa assim tanto dinheiro e dão para várias semanas e para fazer diferentes refeições.

É preciso reeducar as pessoas para cozinharem de maneira diferente também?
É olhar para como as nossas avós faziam, Aos domingos, a minha avó costumava cozinhar uma panela de feijão e dava para duas semanas.

Mas muitas vezes também se vê o oposto. Pessoas que decidem passar a ter uma dieta vegetariana consomem muitos produtos processados e cozinham da mesma maneira que cozinhavam a carne, que nem sempre é a mais saudável. Não devia também haver uma mudança de perspetiva aí, consumir os alimentos o mais próximo possível do seu estado natural?
Acho que essas opções são opções de transição, porque apesar de não serem o melhor [para a saúde] são bastante saborosas. A minha família também as consome mas não a toda a hora. Encaramo-las como uma guloseima. Mas também não é bom comermos hambúrgueres e bifes [animais] sempre. A lógica é semelhante. Portanto, acho que são boas opções de transição no caminho para uma alimentação que passe a incluir cada vez mais vegetais e o meu livro tem muitas receitas, que eu faço com a minha família, que a minha família em Oklahoma fazia, receitas de amigos meus. São receitas muito fáceis, com ingredientes muito simples e muitas não usam essas opções processadas. O chili, por exemplo, que toda a gente adora, é feito com proteína vegetal, mas, de resto, nós fazemos as noites dos burritos, as noites dos tacos, as noites do sushi…

Sushi?
Sim, nós fazemos o sushi com pepino, abacate, batata-doce, com todos os tipos de vegetais possíveis. Cortamos em pedacinhos pequeninos e fazemos sushi. Os miúdos adoram. Também temos as noites das massas, em que cozinhamos três tipos de massas com três molhos diferentes…Acho que quanto mais interativa é a preparação da comida, mais as pessoas a apreciam, especialmente as crianças.

Juntar a família para essa interação também nos leva à questão do tempo. Hoje ninguém tem tempo, andamos sempre a correr.
O que eu faço é, aos fins de semana, vou aos mercados, faço as compras e depois, em casa, arranjo os vegetais, corto-os e guardo-os no frigorífico ou congelador, e ponho etiquetas com os nomes de cada um. Portanto, eles estão lá, lavados e cortados e em quantidade suficiente para a semana toda. Se eu quiser fazer uma sopa, basta ir ao frigorífico, pegar nos vegetais, metê-los na panela e em poucos minutos tenho uma sopa. Quando chegamos a casa, à noite, também podemos fazer rapidamente um molho para por numa massa e fazer uma salada com eles para acompanhar e temos uma refeição. Mas eu recebo muitas questões dessas e é uma das razões, pelas quais fiz este livro. Eu compreendo essas questões, tenho cinco filhos! E eu sei o quão difícil é alimentar toda a gente. Portanto, muitos dos produtos que uso e apresento, são produtos que podemos comprar facilmente, trazer para casa e juntar a outros [que já usávamos], como arroz ou massa, e fazer pratos vegetarianos.

Quando apenas um ou dois elementos da família é vegetariano, isso torna o processo mais difícil para quem é ou quer ser vegetariano?
O que eu vejo muito é que as mulheres estão mais abertas a tornarem-se vegan e a quererem que os seus filhos também o sejam, mas os pais não querem sê-lo, querem continuar a comer a sua carne [risos]. Por um lado, acho que isso está a mudar, mas o mais importante é quem quer começar esse tipo de alimentação certificar-se de que tem um parceiro para o acompanha nisso, porque aí torna-se divertido, partilha-se.

Atriz e modelo, Suzy dedica-se atualmente à ecologia e ao ativismo vegan. Tem uma escola e uma loja de roupa onde aplica esses princípios. Comprar roupas de qualidade, clássiccas e duráveis é o seu lema. Mas em Portugal não resistiu à camisola de malha (que tem atada ao pescoç), que viu uma loja de artesanato no Cabo da Roca. [Fotografia: Paulo Spranger]

Acha que a proibição do consumo de carne em alguns sítios, ou a sua restrição seria uma boa política para aumentar o número de pessoas a aderir a uma dieta vegetariana? Ou isso pode ser contraproducente e levar a uma rejeição desta? Recentemente, em Portugal, tivemos uma universidade que baniu a carne de vaca nas cantinas e isso gerou uma grande polémica…

Adoro essa ideia [risos]. Acho que se decidem banir devem defender essa decisão, porque as pessoas acabam por se habituar a ela. É como a proibição de fumar. Quando fumar passou a ser proibido [em vários sítios], houve uma reação muito forte contra isso, que argumentava o direito a poder-se fumar, porque se trataria da saúde da pessoa que fuma. Mas os fumadores passivos também eram afetados, na sua saúde, pela decisão do fumador. Com o consumo de carne é semelhante, está a prejudicar o meio ambiente, o planeta, e a comprometer o futuro dos nossos filhos. Portanto, acho ótimo que eles tenham banido. Outra forma de o fazer, ou reduzir, é taxar essa carne como são taxados os cigarros. Não sei como é em Portugal, mas nos Estados Unidos da América a carne de vaca e os laticínios são tão subsidiados, que se torna demasiado barata e, por isso, está em todo o lado: escolas, hospitais, prisões. Na Califórnia, já estão a oferecer opções vegan nos hospitais. No Arizona, estão a fazer um projeto-piloto numa prisão, relacionado com alimentação vegan, com resultados muito interessantes.

Qual é a sua opinião sobre o Green New Deal, apresentado por alguns políticos, como a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez? É uma boa solução para os problemas do ambiente atuais?
Partes dele, sim. Penso que tem potencial, mas ainda lhe falta percorrer o caminho todo. Precisa de ser redesenhado.

É antes um começo?
É antes um começo.

Há uns anos criou também uma linha de roupa vegan e sustentável. Hoje essas questões estão na ordem do dia na indústria da moda, com grandes marcas e casas de alta-costura a apostarem em materiais sustentáveis ou a banirem as peles de animais? O que acha dessas medidas?
Acho que há realmente um movimento na direção certa. Eu abri a minha loja de vestidos sustentáveis há 10 anos e usei um, pela primeira vez, na passadeira vermelha dos Óscares, quando o ‘Avatar’ [realizado por James Cameron] foi nomeado. Na altura não tinha ideia do gigantesco problema que a indústria da moda representava em termos ambientais e tinha sido modelo, e depois atriz. Ou seja, estava rodeada pelo mundo da moda e não sabia que era um dos mais poluentes do mundo. É o segundo setor mais poluente do mundo. Portanto, é muito bom este caminho que a moda começa a seguir. As próprias marcas e designers estão mais conscientes em relação à reutilização de materiais e atentos à sustentabilidade na cadeia do seu fornecimento. E hoje também é mais fácil encontrar esses materiais O mesmo acontece com a indústria alimentar vegetariana. Há uns sete anos era uma coisa pequena, hoje é uma indústria que move biliões de dólares.

As celebridades são atualmente ícones de moda e de estilo tão ou mais importantes que as modelos e as passadeiras vermelhas concentram sempre atenções em todo o mundo. Acha que as atrizes e outras figuras públicas podiam usar essas ocasiões para ajudar a uma maior consciência ambiental, usando, por exemplo, vestidos mais sustentáveis?
Acho que sim. E penso que está a começar lentamente. E já há muitos atores conhecidos que usam roupas sustentáveis. O Woody Harrelson, o Edward Norton só usam roupas sustentáveis.

São mais as celebridades masculinas que as femininas a fazê-lo?
Bem, também temos a Alicia Silverstone ou a Emma Watson. Já há bastantes. Quando a minha marca começou a fazer as passadeiras vermelhas tivemos muita dificuldade em encontrar designers, com essa perspetiva, para trabalharem para nós. Depois conseguimos a Viviane Westwood. O ano passado tivemos a Louis Vuitton a fazer um vestido para nós e era espetacular! Tinha cristais Szwarovksi reciclados, tecidos criados a partir de matérias-primas sustentáveis. Tivemos a Emma Watson a usar um vestido vintage da Armani também, numa gala. Ou seja, estamos mais perto do que alguma vez estivemos. Eu, no meu guarda-roupa, tenho conjuntos clássicos e uso-os vezes sem conta. Tenho jeans de quando tinha 17 anos de idade. Se comprarmos coisas de qualidade podemos usá-las muitas vezes. Os meus filhos usam roupa vintage, só compram em lojas de segunda mão.

Se quiséssemos começar hoje o plano que está no seu livro – “uma refeição [vegetariana] por dia”, qual seria a melhor refeição para fazermos essa mudança?

A melhor coisa a fazer, primeiro que tudo, é ir aos supermercados, às mercearias – não é preciso ir especificamente a uma loja de alimentos saudáveis – ou a mercados. Podem ir ao fim do dia em que os preços são mais baixos porque os vendedores querem despachar os últimos produtos. Ou seja, pode-se iniciar este plano, começando por olhar para receitas e para a lista de compras, de forma a que a pessoa se vá familiarizando com essas opções. Mas penso que a maneira mais fácil de começar é pelo pequeno-almoço, porque se pode usar leite de soja ou de amêndoas nos cereais. Há muitos sabores diferentes hoje em dia para os leites de origem vegetal. Também já há manteiga vegan, compotas. Depois há sempre a fruta, o café ou o chá. Por isso, o pequeno-almoço é uma boa forma de começar o plano OMD.

 

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