Tecnologias de fitness podem provocar riscos cardíacos em doentes vulneráveis

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[Fotografia: Pexels/Karolina Gabrowska]

A equipa de pesquisa da Universidade de Utah também incluiu nesta lista os cardiodesfibriladores implantáveis (CDI) e terapia de ressincronização cardíaca (CRT) na análise do estudo e descobriu que os smartwatches, que registam os níveis de exercício, são potencialmente perigosos para pacientes vulneráveis. Neste grupo de aparelhos também se incluem, refere a investigação publicada na revista Heart Rhythm, os anéis inteligentes que utilizam uma técnica de deteção chamada bioimpedância corporal, que analisa a composição corporal.

“A deteção de bioimpedância gerou uma interferência elétrica que excedeu as diretrizes aceitas pela Food and Drug Administration e interferiu no funcionamento adequado do CID”, relatou o engenheiro de computação da Universidade de Utah e principal autor do estudo Benjamin Sanchez Terrones. Fala mesmo em “bandeira vermelha” para um pequeno grupo de pessoas em risco devido à interferência quase impercetível de sinais elétricos.

No caso de um pacemaker, que envia pequenos impulsos elétricos ao coração quando este está a bater muito devagar, a pequena corrente elétrica emitida pelos dispositivos inteligentes pode levar o coração a pensar que está a bater rápido o suficiente, impedindo que desempenhe a sua função.

“Temos pacientes que dependem de pacemakers para sobreviver”, refere o coautor e eletrofisiologista cardíaco PBenjamin Steinberg e acrescenta que “se for confundido por interferência, pode parar de funcionar durante o período em que estiver confuso. Se essa interferência for por um tempo prolongado, o paciente pode desmaiar ou acontecer pior.”

Os cardiodesfibriladores implantáveis ​não só atuam como pacemaker, como também podem dar choques no coração para repor um ritmo cardíaco regular. Um dispositivo com bioimpedância pode levar o desfibrilador a aplicar um choque elétrico no paciente.

Quase todos os dispositivos cardíacos implantáveis ​​já alertam os pacientes sobre o potencial de interferência com uma variedade de aparelhos eletrónicos devido a campos magnéticos, como carregar um telefone no bolso perto de um marca-passo. No entanto, Benjamin Sanchez Terrones afirmou ser a primeira vez que um estudo descobre problemas associados à tecnologia de deteção de bioimpedância de um gadget. “A comunidade científica não sabe disso. Ninguém analisou se isso é uma preocupação real ou não.”

De acordo com a investigação, apesar de serem perigosos, os dispositivos inteligentes não representam um risco imediato ou claro para os pacientes que os usam, sendo um primeiro passo para um estudo mais aprofundado.
“Em última análise, são necessários mais estudos para avaliar a tradução clínica dos nossos resultados e garantir a saúde dos nossos pacientes”, conclui Sanchez Terrones.