Telemóveis só nos tornam piores pais

Cientistas defendem que o uso constante do telemóvel por parte da mãe afeta o desenvolvimento dos bebés
Cientistas defendem que o uso constante do telemóvel por parte da mãe afeta o desenvolvimento do bebé (Foto: taylergolden Instagram)

Poucas coisas na vida requerem mais atenção do que os bebés. E não há nada que distraia mais do que o toque constante do telemóvel. Pior é quando os dois competem pela sua atenção.

Um estudo científico recente, publicado no jornal ‘Translational Psychiatry’, mostra que, por vezes, as distrações dos pais têm efeitos negativos no desenvolvimento do bebé, especialmente na sua capacidade de sentir prazer.

“É importante reter que não é a quantidade de cuidados maternos que influencia o comportamento do adolescente, mas sim evitar a atenção fragmentada e imprevisível”, explica o responsável pelo estudo.

O estudo foi realizado com ratos de laboratório, mas os autores garantem que os resultados são relevantes para as relações humanas entre bebés e pais, numa era de total dependência tecnológica.


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Tallie Baram, professor de pediatria e anatomia neurobiológica na Universidade da Califórnia, EUA, e a sua equipa usaram ratos para compreenderem a forma como a boa atenção dada pelas mães, mas disruptiva, pode afetar os bebés.

Os cientistas descobriram que ritmos e padrões consistentes dos cuidados maternos parecem ser de importância crucial para o desenvolvimento do cérebro, que precisa de estímulos previsíveis e continuados que garantam um crescimento saudável da ligações neuronais.

Na opinião dos cientistas: “Seria desejável desligarmos o telemóvel quando estamos a cuidar do bebé para sermos previsíveis e constantes.”

Acontece que as constantes distrações da mãe quando está a cuidar do bebé podem aumentar a probabilidade de comportamentos de risco na adolescência, como o consumo de drogas ou a depressão. A culpa é da dependência dos telemóveis, de tal forma que os utilizadores nem se dão conta que estão constantemente a utilizá-los. Daí que os resultados deste estudo acabem por ser altamente relevantes para os pais de hoje – e os adolescentes de amanhã.

A importância do meio ambiente
“Sabe-se que a vulnerabilidade a distúrbios emocionais, como a depressão, deriva de interações entre os nossos genes e o ambiente que nos rodeia, especialmente durante as fases mais sensíveis do nosso desenvolvimento”, explica Tallie Baram, num comunicado emitido pela universidade.


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“O nosso trabalho baseia-se em diversos estudos que mostram que os cuidados maternos são importantes para a saúde emocional no futuro. É importante reter que não é a quantidade de cuidados maternos que influencia o comportamento do adolescente, mas sim evitar a atenção fragmentada e imprevisível. Seria desejável desligarmos o telemóvel quando estamos a cuidar do bebé para sermos previsíveis e constantes.”

Neste estudo, os cientistas estudaram os resultados emocionais de ratos adolescentes criados tanto em ambientes calmos como caóticos. Foi a diferença entre comportamentos dos cuidados maternos, quando os filhos eram bebés, que influenciou drasticamente estes jovens ratos.