Cancro de mama. “Respondiam-me que a fé não cura”

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Elisa Monteiro [Fotografia: DR]

Elisa Monteiro nasceu em Cabo Verde, mas foi em Portugal que cresceu e estabeleceu raízes. A assistente administrativa numa empresa, mãe de dois filhos, conta ser apaixonada pela vida, por cozinhar e viajar.

Aos 50 anos, foi diagnosticada com cancro da mama luminar B. Quando a médica de família lhe confirmou o resultado da biópsia sentiu-se como se tivesse entrado “num comboio a mil à hora sem conseguir parar para pensar”, conta a doente oncológica, ao Delas.pt. Os filhos – uma de 24 e um de nove – tiveram reações distintas. “A minha filha perguntou-me como seria se eu morresse, o que fariam sem mim. O meu filho mais novo teve reação contrária: ‘tu vais conseguir curar-te’. Disse-me”, recorda Elisa.

Elisa Monteiro [Fotografia: DR]
Encaminhada com risco, tendo um nódulo de oito milímetros “pontiagudo” na mama, Elisa Monteiro começou a ser seguida pouco depois do diagnóstico no Hospital de Cascais, em fevereiro de 2022.

Numa só cirurgia foi-lhe retirado o tumor e reconstruído o peito, em março. “Na altura pensei que o tratamento começasse pela quimioterapia, como é habitual, mas fui logo operada”, conta, acrescentado que receou que se esse início diferente fosse “um sinal preocupante”. Mas afinal não: “são feitas cada vez mais cirurgias numa fase inicial para operar os tumores”, aponta o médico o médico oncologista Pedro Madeira do IPO de Coimbra.

Na cirurgia, os médicos encontraram uma glândula na axila, e “por prevenção segui com a quimioterapia, e agora com a radioterapia”, refere Elisa. Durante a ‘quimio’ disse sentir-se cansada e com sono, uma mudança que estranhou porque sempre foi “uma pessoa muito ativa”.

Elisa Monteiro [Fotografia: DR]
Elisa Monteiro [Fotografia: DR]
Um estudo da Universidade Católica mostra que 66% das mulheres com cancro da mama admite ter dificuldades em dormir e 57% afirma sentir-se cansada. “Neste momento não estou tão cansada porque a radioterapia não é tão agressiva”, afirma.

Com o apoio da família, do médico oncologista e de outras doentes da Associação Careca Power (grupo de doentes oncológicas no qual partilham a sua luta contra o cancro), Elisa Monteiro conseguiu aceitar a doença e seguir com a sua vida. “Dizia às pessoas que tinha de ter fé. Respondiam-me que a fé não cura. Pode não alterar o nosso destino, mas altera o nosso caminho”, relembra.