Pílula masculina passa fase 1 dos ensaios clínicos e sem efeitos colaterais, diz estudo

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[Fotografia: Simone van der Koelen/Unsplash]

Dois contracetivos orais para homens passaram na fase 1 dos testes clínicos e os resultados científicos apontam, para já, para uma pílula masculina que reduz os níveis testosterona, mas sem gerar os efeitos colaterais provocados por essa mesma diminuição.

Os investigadores analisaram o impacto de DMAU e 11β-MNTDC, medicamentos que integram um grupo classificado como andrógeno progestogénico, e apresentaram o estudo no congresso anual norte-americano de endocrinologia, Endo 2022, que decorreu de 11 a 14 de junho.

Ora, ambas soluções agem sobre a testosterona, suprimindo-a, reduzindo a contagem de esperma, mas a nova investigação refere os menores efeitos colaterais e que se caracterizam pelo aumento de peso, menor massa muscular, ossos mais frágeis e fadiga.

O ensaio clínico da fase 1 contou com 96 homens saudáveis a quem foram atribuídas aleatoriamente duas ou quatro doses de pílula anticoncecional masculina ou placebo por 28 dias. Os que tomaram o medicamento equivalente a 400 ml por dia viram os níveis de testosterona caírem mais do que os que tomaram 200 ml, e três quartos dos homens envolvidos nos testes (75%) disseram que queriam continuar a tomar o contracetivo.

As experiências positivas dos homens em ensaios clínicos e as altas classificações de adesão a esta pílula masculina devem entusiasmar o público sobre a possibilidade de este modelo anticoncecional estar disponível no mercado nas próximas décadas”, considerou a coordenadora do estudo Tamar Jacobsohn.

Uma realidade que irá contornar – acrescenta a especialista do Programa de Desenvolvimento de Contracetivos do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver – as poucas “opções em matéria de contraceção masculina, atualmente restritas a vasectomia e preservativos e são, portanto, são extremamente limitadas em comparação com as possibilidades femininas”.

Jacobsohn considera ainda, citada no comunicado, que o “desenvolvimento de um método anticoncecional masculino eficaz e reversível melhorará as opções reprodutivas para homens e mulheres, terá grande impacto na saúde pública ao fazer diminuir a gravidez indesejada e permitirá que os homens tenham um papel mais ativo no planeamento familiar”.