Theresa May criticada por usar roupa demasiado cara para os comuns britânicos

theresa-may-foto
Fotografia de Stefan Wermuth/Reuters
Theresa May, primeira-ministra britânica, está a ser alvo de duras críticas por ter optado por um coordenado caro durante uma entrevista que deu ao jornal britânico The Sunday Times. As calças de couro que usou, desenhadas por Amanda Wakeley, custam 1 200 euros, de acordo com o site norte-americano ABC News, que avança ainda avança que com a camisola e os sapatos, o valor do conjunto ascende aos 2 130 euros.

Vários jornalistas britânicos já confrontaram Theresa May, perguntando-lhe se a roupa que veste não é totalmente o oposto daquilo que se passa nas ruas inglesas, onde os problemas sociais e a pobreza são cada vez mais claros. Em resposta, a primeira-ministra britânica adotou o seu habitual discurso, repetindo a frase: “Quero um Reino Unido que funcione para todos”.


Leia também os artigos:
As profissões com maior taxa de divórcio
Vídeo mostra o que de mais ridículo se passa no ginásio
“Marés Vivas”: Corpos esculpidos e cenas explosivas no primeiro “trailer”


Nicky Morgan, deputada conservadora britânica e anti-Brexit, também já criticou o valor da indumentária de Theresa May. Numa entrevista fez questão de sublinhar que nunca gastou tanto dinheiro em roupa, à exceção do vestido de casamento.

teresa-may

Uma polémica sem razão de ser?

O que a deputada Nicky Morgan parece ignorar é que estas fotografias tiveram uma equipa de produção que penteou, maquilhou e escolheu a roupa para Theresa May, conforme costuma acontecer neste tipo de entrevistas. A referência à marca de luxo Burburry na legenda, que se pode ver acima, é um sinal de que a roupa terá sido cedida à revista do jornal inglês para esta produção. A utilização de marcas britânicas em exclusivo mostra uma coerência com a posição da Primeira-Ministra em relação à moda made in UK. Ela foi a primeira chefe do executivo britânico a abrir uma Semana de Moda de Londres e a referir-se publicamente à importância do setor para o país.

“A moda britânica tem uma enorme importância para o nosso país, contribuindo com 28 biliões de libras [valor de 2015] para a economia do Reino Unido e garantindo cerca de 900 mil postos de trabalho. (…) Estou orgulhosa de dizer que a nossa moda Britânica é líder mundial no comércio, criatividade e inovação,” disse May em setembro deste ano.

Nicky Morgan é uma arqui-inimiga de Theresa May, apesar de ambas terem papéis destacados na história do Partido Conservador. Ao envolver-se na polémica dizendo: “O meu barómetro é sempre ‘Como é que vou explicar isto no mercado de Loughborough?'”, referindo-se a mercado popular de uma cidade britânica, abriu uma nova alínea de polémica e foi acusada de machismo.

Outra deputada da bancada conservadora, Nadine Dorries declarou ao Daily Mail: “Acho que mostra como os comentários de Nicky Morgan são sexistas porque nunca a ouvimos falar sobre os fatos extremamente caros de David Cameron.”

A moda aqui, como em todas as circunstâncias, nunca é só sobre a roupa que se veste. Nesta polémica, a moda está a ser utilizada como arma de arremesso sem razão, numa disputa que é antiga entre May e Morgan e que parece ter crescido quando a Primeira-Ministra retirou a pasta da educação à agora deputada assim que entrou em Downing Street.

Como assinalou o anterior chanceler da Câmara dos Lordes, Ken Clarke, é “aborrecido”que o que as mulheres políticas vestem continue a fazer notícias nos jornais. “Nicky e Theresa”, disse ele, “terão verdadeiras discussões políticas espero eu. Se querem mesmo ter discussões sobre o que vão vestir, espero que os amigos mais próximos as avisem para discutirem em privado.”