Theresa May é a primeira líder internacional a ser recebida pelo novo presidente americano, Donald Trump, já na próxima sexta-feira, em Washington.
Apesar de Estados Unidos e Reino Unido serem antigos aliados, o convite tem gerado alguma surpresa pelo discurso sexista e discriminatório do novo presidente em relação às mulheres.
Numa entrevista dada à BBC no passado fim de semana, a primeira-ministra britânica garantiu que não vai compactuar com comentários misóginos e depreciativos feitos pelo inquilino da Casa Branca.
Theresa May afirmou que não ficará calada se surgirem no futuro declarações ou comportamentos “inaceitáveis”, por parte do presidente americano.
“Sobre os comentários que Donald Trump fez em relação às mulheres, já tinha dito que eram inaceitáveis”, começou por lembrar, acrescentando que “ele próprio pediu desculpa por alguns deles”.
A primeira-ministra britânica salientou que o facto de se ir encontrar e negociar com o presidente dos Estados Unidos em pé de igualdade é uma “grande declaração sobre os direitos das mulheres”. Na mesma entrevista, recordou as leis que ela criou sobre as formas de escravatura moderna e a violência doméstica para ilustrar o seu empenho na defesa dos interesses das mulheres, distanciando-se do discurso misógino do líder americano e rematando: “Sempre que houver algo que ache inaceitável, não terei medo de o dizer a Donald Trump”.
Leia também: Abortos nos EUA já não vão ser feitos com dinheiros públicos
20 frases polémicas de Donald Trump anti-mulheres
Mulheres de todo o mundo marcharam contra Trump
“América primeiro” não assusta Theresa May
A importância da NATO e a possibilidade de um futuro acordo de comércio livre entre os dois países são os temas que a primeira-ministra britânica pretende discutir com Donald Trump, naquela que é a primeira visita oficial de um chefe de Estado estrangeiro à Casa Branca, depois da tomada de posse do novo presidente.
Este convite de Trump tem, de resto, sido visto no Reino Unido como uma valorização da “relação especial” entre os dois países pela nova administração americana.
Por isso, na entrevista à BBC a líder dos Conservadores desvalorizou a retórica protecionista que Donald Trump defendeu no discurso na tomada de posse como entrave a futuras negociações comerciais entre os dois Estados.
O discurso de pôr “a América primeiro” e de pretender avaliar todos acordos comerciais e os respetivos benefícios para os Estados Unidos é, segundo May, uma “mensagem clara” da administração Trump, mas não muito diferente, considerou, daquilo que fazem os outros líderes mundiais: priorizar os interesses dos povos e nações que lideram.
Numa altura em que o Reino Unido se prepara para deixar a União Europeia (UE), depois da vitória do Brexit no referendo do verão passado, um futuro acordo comercial com os Estados Unidos é visto como vital para o país.
NATO e defesa na agenda
A aliança militar no âmbito da NATO é outra das questões que Theresa May espera abordar no encontro de sexta-feira. A primeira-ministra defendeu, na mesma entrevista, que a Aliança Atlântica é o “baluarte” do sistema de defesa europeu e manifestou-se convicta de que o novo presidente dos Estados Unidos compreende a importância do papel da organização.
Depois da primeira-ministra britânica, Donald Trump recebe, a 31 de janeiro, o presidente do México, Enrique Peña Nieto. A construção de um muro entre os dois países, defendida pelo atual líder americano, deverá ser um dos assuntos em cima da mesa.