Theresa May sai a 7 de junho e conservadores escolhem novo líder em julho

Theresa May teria prometido, em março, aos conservadores do seu partido demitir-se, se eles apoiassem o acordo de saída da União Europeia, conhecido por Brexit. A primeira-ministra britânica anunciou a resignação esta sexta-feira, 24 de maio, que vai demitir-se da liderança do partido Conservador, desencadeando uma eleição interna – que terá lugar até 20 de julho – cujo vencedor vai assumir a chefia do governo.

A demissão da liderança, já avançada pela imprensa britânica, será formalizada na sexta-feira, 7 de junho, para que a eleição comece na semana seguinte. Numa declaração à porta da residência oficial, em Downing Street, a primeira-ministra disse ter feito o possível para convencer os deputados a aprovar o acordo que negociou com Bruxelas para fazer o Reino Unido sair da União Europeia, mas que, “infelizmente”, não conseguiu.

“Tentei três vezes. Penso que fiz bem em persistir, mesmo quando as probabilidades de insucesso eram altas. Mas é claro agora para mim que é melhor para o país que um novo primeiro-ministro lidere esse processo”, acrescentou. May mantém-se em funções até que o partido tenha eleito um novo líder, o que não deverá acontecer até o final de julho, incluindo durante a visita de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump, entre 3 e 5 de junho.

Numa primeira fase, os deputados candidatos a líder são sujeitos a uma série de votações dentro do grupo parlamentar até restarem apenas dois, e só depois é feita uma eleição geral com os votos dos militantes do partido.

Enquanto primeira-ministra, não pode renunciar até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson está entre os favoritos para a substituir.

Theresa May, de 62 anos, assumiu o cargo em julho de 2016, pouco depois de os britânicos terem votado a favor do ‘Brexit’ (52%) no referendo de 23 de junho de 2016. Até agora, a líder não conseguiu reunir consenso quanto às condições para a saída da União Europeia entre a classe política, profundamente dividida sobre a questão, como também está a sociedade britânica.

O acordo de saída negociado com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelos parlamentares, o que obrigou o executivo a adiar o ‘Brexit’ até 31 de outubro, quando a data inicial era 29 de março, e realizar ainda as eleições para o Parlamento Europeu.

Na terça-feira, Theresa May apresentou um plano de “última oportunidade”, que incluiu uma série de compromissos para tentar convencer os parlamentares britânicos. A tentativa foi em vão, já que o texto foi alvo de uma enxurrada de críticas tanto da oposição trabalhista quanto dos eurocéticos de seu próprio partido, levando à renúncia na noite de quarta-feira do ministro encarregado das relações com o Parlamento, Andrea Leadsom.

O projeto de lei, que Theresa May contava votar na semana de 3 de junho, não aparece no programa legislativo anunciado na quinta-feira pelo Governo aos deputados.

A pressão sobre Theresa May ganhou renovada força após a demissão, a 22 de maio, da ministra dos Assuntos Parlamentares britânica, Andrea Leadsom. Na base deste bater com a porta está o desacordo com o plano da primeira-ministra, Theresa May, para tentar aplicar o ‘Brexit’.

“Não acreditamos que sejamos um Reino Unido verdadeiramente soberano através do acordo que é agora proposto”, alegou a governante demissionária, numa carta enviada à chefe de governo. Leadsom, eurocética e pró-‘Brexit’, foi a finalista vencida das eleições para a liderança do partido Conservador, em 2016, acabando por retirar-se a favor de Theresa May.

CB com Lusa

Imagem de destaque: Reuters

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