TikTok: a rede social que está a “viciar” as crianças

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Provavelmente já se deparou, enquanto vê os stories do Instagram, com várias das pessoas que segue a publicar vídeos vindos de uma App chamada TikTok.

Apesar de não ser propriamente nova, só mais recentemente é que esta aplicação, que no início deste ano já sofreu acusações em torno de falhas de segurança, tem protagonizado um verdadeiro boom junto dos seguidores e participantes mais jovens.

O que é e para que serve

O TikTok é uma aplicação que permite aos seus utilizadores publicar um vídeo de até 15 segundos na sua conta. Desde fingir que se canta a tentar cumprir passos de dança ousados, as potencialidades alargam-se à possibilidade de fazer vídeos com amigos ou animais de estimação. Uma breve passagem por esta aplicação mostra que humor e criatividade não faltam.

Titania Jordan, responsável de curadoria da ‘app’ e entrevistada pelo site Good House Keeping, explica que a aplicação é “muito divertida”, chegando a ser “viciante”. “É muito popular entre a Geração Z [pessoas nascidas entre a década de 90 do século passado e 2010] particularmente porque consegue combinar o humor, a dança, a música, a performance e o entretenimento num só espaço onde há micro conteúdos intermináveis e adaptados ao que cada um gosta de ouvir, graças ao seu poderoso algoritmo“, explica a especialista.

A especialista adianta ainda que alguns dos utilizadores fazem os seus vídeos apenas “por diversão”, já outros ambicionam chegar mais longe, vendo os seus conteúdos transmitidos a todos os aderentes do TikTok, quando alcançam muitas visualizações.

Desafios constantes e vídeos em formato de memes é algo muito habitual na aplicação, existindo vários jovens a tentarem superar-se uns aos outros, criando novas tendências.

É ou não seguro para as crianças e jovens

Esta rede social permite que as pessoas se conectem umas com as outras, podendo ver qualquer tipo de conteúdo que não se consegue filtrar, o que começou a preocupar alguns pais. “Embora existam recursos de privacidade, o controlo parental não existe na App“, explica Titania Jordan.

“Os utilizadores podem entrar em contacto com qualquer pessoa do mundo, uma vez que a plataforma é de cariz público”, prossegue a especialista, sublinhando que, “embora seja possível bloquear ou denunciar outras pessoas por mensagens inapropriadas, o TikTok não possui controlos parentais mais amplos“.

Se o Instagram, por exemplo, permite que os perfis sejam privados e que exista um maior controlo sobre com quem se está a falar ou o que se está a ver, esta rede social é pública e permite que todo o conteúdo seja visível a todos. “Como o TikTok é uma plataforma que incentiva a performance, tal pode levar a que, com elogios, seja mais simples levar a que alguns ‘predadores’ cheguem mais facilmente às crianças e jovens, fazendo com que estes se sintam especiais”, avisa a especialista em curadoria.

Titania Jordan adverte ainda para outros detalhes: ainda que seja possível colocar o perfil privado, isso não quer dizer que dê para filtrar o conteúdo que o utilizador vê. “Mesmo que coloquemos a conta privada, ainda é possível ser-se exposto a conteúdo sexual ou violento, porque estes são publicados no feed público”, explica. Este “tipo de conteúdo pode variar desde vídeos de cariz sexual, passando por mostrar acrobacias fisicamente perigosas (que as crianças acabam por conseguir recriar), havendo ainda a possibilidade de confrontação com comentários racistas e discriminatórios”, exemplifica.

Como qualquer outra rede social, o TikTok pode ainda propiciar sentimentos de tensão e ansiedade por se querer criar ‘mais e melhor’, o que pode não ser vantajoso para o público mais jovem: “As crianças podem ser absorvidas pela pressão de ‘terem’ de criar mais e melhores conteúdos, e tal pode causar sentimentos de ansiedade, especialmente se o conteúdo não estiver a ser destacado como popular”, adverte a curadora.

As políticas de segurança da App

Para que existisse uma maior consciencialização sobre as políticas de segurança da aplicação, o TikTok fez uma parceria com a Family Online Safety Institute (FOSI).

Esta organização internacional sem fins lucrativos afirma que a rede social “oferece espaço para a expressão criativa e uma experiência genuína, alegre e positiva, que vai ao encontro da missão da FOSI: a de incentivar as famílias a compartilhar de forma positiva as suas experiências online e a conversar com as crianças sobre o que fazem nas redes”, lê-se na plataforma digital da instituição.

Na mesma página, é possível ter acesso a algumas dicas de segurança bem como um guia para os pais. São ainda disponibilizados vários vídeos educacionais que ensinam a gerir melhor os controlos no site.