Timor quer “tolerância zero” para a violência contra as mulheres

Timor
Fotografia de Lirio Da Fonseca/Reuters

O Presidente timorense defendeu esta, sexta-feira, 8 de junho, “tolerância zero” para a violência contra as mulheres, apelando ao executivo para dar prioridade a políticas que previnam e penalizem a violência doméstica.

“Temos de recusar firmemente, sem ambiguidade, a violência no seio da família e a violência de género no nosso país. Temos de trabalhar para mudar esta situação para sempre e rapidamente”, afirmou Francisco Guterres Lu-Olo.

“Apelo ao Conselho de Ministros, às agências relevantes do Estado para darem prioridade à implementação de políticas que previnam e penalizem a violência doméstica. A toda a sociedade, eu apelo: rejeitemos a violência”, insistiu.

Lu-Olo, que falava numa conferência em Díli, lembrou que Timor-Leste foi e ainda é “uma sociedade marcada pela violência da ocupação” indonésia, que tem hoje o dever “de dar o exemplo”, pondo fim à violência.


Uma em cada quatro mulheres (24%) e dois em cada cinco homens (42%) foram vítimas de abuso sexual antes de cumprirem 18 anos.


“Peço ao país ‘tolerância zero’ para a violência doméstica. A família tem de ser um lugar de amor e companheirismo, e não um lugar de violência”, pediu.

Lu-Olo falava na abertura da conferência “Mulheres fortes para uma nação forte”, iniciativa da União Europeia em Timor-Leste e em que participam, entre outros, a cantora Sara Tavares, a líder do CDS, Assunção Cristas, e a ministra angolana Ana Paula Carvalho.

A violência contra as mulheres é um dos problemas sociais mais graves do país, com estudos a revelarem a prevalência de casos e a incapacidade, em muitas situações, das instituições, incluindo a justiça, lidarem adequadamente com o problema.

Um relatório de 2017 do Programa de Monitorização do Sistema Judicial (JSMP) notou que os tribunais timorenses tratam indevidamente muitos casos de violência sexual, com práticas que não protegem as vítimas e que ignoram ou interpretam mal a lei.

Um outro estudo, da Asia Foundation, referiu que pelo menos 34% das mulheres timorenses, entre os 15 e os 49 anos, são alvo de violência sexual, com 41% delas a serem vítimas de um parceiro íntimo.

Uma em cada quatro mulheres (24%) e dois em cada cinco homens (42%) foram vítimas de abuso sexual antes de cumprirem 18 anos e, globalmente, três em cada quatro pessoas em Timor-Leste foram vítimas de alguma forma de violência ou abuso físico antes dos 18 anos.

 

Imagem de destaque: Lirio Da Fonseca/ Reuters

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