Afinal o Tinder não é sinónimo de uma vida sexual tão animada

Muito populares entre solteiros adultos que vivem sobretudo nas cidades, as aplicações de encontros e online dating com fotografias associadas podem prometer, mas não garantir uma vida sexualmente tão ativa como, à partida, seria expectável.

Segundo um estudo empreendido pela Universidade de Trondheim, na Noruega (e que deverá ser integralmente divulgado em setembro próximo), tudo indica que os utilizadores do Tinder – uma das mais populares apps podem não ter tantos mais parceiros sexuais face aos que não procuram na rede, ainda que estes estejam abertos a relações de curta duração. E esta é uma característica comum a ambos sexos.

Porém, os investigadores ressalvam que há uma questão de género no uso desta ferramenta online, que já soma mundialmente 1,6 mil milhões de visitas por dia e um milhão de encontros por semana.

Links_Animall

 

Se os homens tendem a procurar mais relações sexuais casuais, as mulheres preocupam-se mais em encontrar aprovação. Na galeria acima conheça as novas relações amorosas que a internet trouxe, bem como os perigos adjacentes.

A amostra do estudo (cujo resumo pode ser lido aqui, em inglês) compreende 641 estudantes, com idades compreendidas entre os 19 e os 29 anos, sendo que cerca de metade do grupo analisado tinha já recorrido à rede e 20% eram usuários atuais e frequentes.

Da análise dos utilizadores, os pesquisadores concluíram que aqueles que usaram a redes e estavam disponíveis para relações casuais não tinham tido mais relações sexuais do que os restantes que, não frequentando o Tinder, pareciam ter. A tecnologia serviria, assim, para descobrir candidatos potenciais ou para sair e encontrar pessoas novas nos locais onde permaneciam.

Estas aplicações tornaram-se numa nova arena pública para namoro. Mas, em grande parte, as pessoas que as usam são as mesmas que encontramos noutras circunstâncias”, refere, em comunicado, o professor Leif Edward Ottesen Kennair, do Departamento de Psicologia daquela instituição universitária.

As mulheres são mais exigentes”

Se os homens parecem ser mais agressivos na busca e na abordagem ao contacto, as mulheres chegam com outros cuidados. “Elas são mais exigentes […] Eles são mais ansiosos, e há razões evolutivas para isso”, refere o mesmo investigador.

As mulheres têm mais a perder quando se envolvem com parceiros sexuais”, refere, vincando que “elas também usavam estas apps de namoro com mais frequência para aumentar a autoestima (…), para se sentirem melhor consigo mesmas e mais do que os homens”, acrescenta Mons Bendixen, professor adjunto do Departamento de Psicologia.

E se pensa que eles apenas recorrem a estas plataformas para encontrar parceiras casuais – uma ideia muito comum junto das mulheres inquiridas -, desengane-se. Segundo o mesmo estudo, essa é a realidade mais comum, mas não a única. Inquiridos deste estudo norueguês admitiram que o uso do Tinder pode bem ser uma forma de encontrar o verdadeiro amor da sua vida.

É de notar que o mito de que os homens que frequentam estas apps namoro só estão à procura de sexo casual, tal não é exato. Eles usam-nas para procurar parceiros de longo prazo, mas em menor dimensão”, refere o psicólogo clínico Ernst Olav Botnen

E por cá?

Um estudo recente do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa analisou a forma como os portugueses se apresentam no Tinder e, entre as conclusões, uma das mais curiosas prende-se com o facto de, entre os 200 perfis analisados da amostra, só 87 deles tinham texto – apresentação pessoal, objetivos na aplicação e o que espera encontrar – a acompanhar as imagens, sendo que os homens eram quem mais os escrevia (64,5%).

Esta era uma das diferenças mais notadas entre sexos – pouco distintos entre si – segundo a investigação levada a cabo pela investigadora Rita Sepúlveda: A autorepresentação dos portugueses na plataforma de online dating Tinder.

A análise aponta ainda o facto de, em média, cada português publicar quatro fotografias, nas quais se apresenta tendencialmente sozinho (67,8%) ou com monumentos como enquadramento.

Das sete centenas de imagens analisadas, há ainda fotografias em contexto de saídas à noite, com os animais de estimação (0,9%) e maioritariamente captadas no exterior (58,1%). De relevar que os homens optam por divulgar momentos de caráter desportivo e as mulheres mostram-se mais em situações de bem-estar e consumo.

Imagem de destaque: Shutterstock