14 tipos de amigos muito modernos

Há-os para todos os gostos e tendências dos nossos tempos, cheios de anglicismos e sempre atentos à atualidade. Vá lá, quantos destes conhece e em que categoria se encaixa?

O amigo que só se queixa dos turistas na sua cidade
Está farto de dar indicações na rua, de comunicarem com ele em inglês, de ser forçado a um slalom permanente para não tropeçar em forasteiros a tirar fotos, de ler notícias sobre a Madonna, e ouviu dizer que a questão imobiliária se resume a uma “bolha”. As bolas são como as bruxas. Nunca ninguém as viu muito bem mas de certeza que as há. Está a rezar a todos os santos para que o frio venha rápido e toda esta fauna invasora dê a debandada.

…E o amigo que está a lucrar com eles
Acabou de vir do Ikea onde se foi abastecer de jogos de cama e atoalhados para o segundo apartamento que acabou de por a render no AirbnB. Nunca viu Portugal “tão moderno” e “cheio de gente gira” e tudo isto a fazer tanto bem “à economia do país”, abordando a questão com esse tão moderno dom da generalização. Neste contexto, “fazer bem à economia” é como dizer que o mel faz bem à constipação – a repetição da ideia finta qualquer evidência científica ou ausência dela.

O amigo que nunca sabemos bem o que faz
Já lhe conhecemos um sem fim de ocupações e é um verdadeiro slasher, o estrangeirismo usado para caracterizar os faz-tudo dos nossos tempos. Entre o desenrasque e a polivalência, acumula as mais variadas funções, desempenhando sobretudo papéis emergentes – tanto parecem insondáveis como cheios de pinta. Nunca sabemos bem como apresentá-lo e este texto está assumidamente confuso para alinhar com este tipo de trabalhador.

O amigo que ‘quer largar tudo’
Largar tudo não é sinónimo de ação negligente, como quem deixa um recém-nascido à porta do vizinho com um bilhete a dizer “por favor tomem conta dele”. Este amigo passa a vida a queixar-se da sua vida no geral, e do seu trabalho em particular, e tem a certeza que seria muito mais feliz se fosse, por exemplo, nómada digital – outra expressão cunhada nos tempos mais recentes. Quanto o voltarmos a encontrar, continuará a dizer que quer largar tudo, algo que nos anda a confidenciar há pelo menos dez anos. (sim, podia ir para Bali)

O amigo hiper viajado
Falando de Bali, o amigo hiper viajado não é uma espécie nova. Sempre os houve, é certo, a questão é que dantes só nos massacravam com o relato das suas aventuras além-fronteiras – agora levamos com a história duas vezes, a primeira das quais nas redes sociais. Não contente com as suas publicações, quando o reencontrar irá escutar cada episódio descrito com minúcia (“viste aquela foto em que eu…”). É mais ou menos como aquelas pessoas que nos ligam só para informar que acabaram de nos enviar um email.

O amigo fit

Um pouco como o amigo viajado, também já conhecíamos esta ave. A diferença é que entretanto todos os dias caem no nosso feed os quilómetros que percorreu em mais um treino de corrida – estes, em particular, são os chamados runners. O amigo fit vive para o ginásio e claro que já aderiu à moda das bowls saudáveis, tigelas repletas de cores e nutrientes e sementes. No seu íntimo, eles e elas sonham estar aqui e aqui, no lugar da capa, a exibir o seu invejável six pack.

O amigo “mas como é que ele leva esta vida”?
Sabemos que recebe mal e porcamente, o que só por si nos leva a pensar como é que consegue pagar a renda da casa, e como não bastasse corre tudo o que é novidades na cidade. O brunch da moda? Frequenta. O restaurante modernaço capaz de arruinar com o orçamento do mês? Já foi e recomenda. O destino exótico do outro lado do mundo? Acabou de pedir conselhos no Facebook porque será a sua próxima viagem. Nunca sabemos como faz para esticar os euros na conta mas o milagre parece acontecer.

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O amigo vegan
Muitos deles tornaram-se assim depois de verem o documentário Cowspiracy. Podem passar horas a discorrer sobre os benefícios do leite de amêndoas e repetirão a evidência: “sabes que o homem é o único mamífero que bebe leite em adulto”. Não estranhe se for para casa a pensar no assunto.

O amigo guerreiro eco
Faz o seu shampô em casa, há muito que usa palhinhas biodegradáveis, e promete continuar a sua cruzada contra o plástico. Está em plena madrugada de copos e ele mandou-a ler isto? Enquadra-se no perfil; um guerreiro não baixa a guarda.

O amigo revivalista
Descobriu há pouco tempo que afinal o catálogo da editora Espacial é um primor e já disse nas redes sociais que vai a todos os concertos que Toy e Ana Malhoa têm marcados até final do ano. O que antes foi piroso que dói agora é super tendência. Não falhou uma edição da festa Revenge of the 90’s e não se importa de pagar uma fortuna por aquilo que dantes não ouvia nem que lhe pagassem.

O amigo aspirante a influenciador
Adora unicórnios e outros seres e situações imaginárias. Imagina por exemplo que tira sempre fotos ótimas, que tem imenso estilo, e que todos querem ser como ele, mas muitas vezes não passa disso mesmo: um humilde aspirante. Que inspira mais vergonha alheia que outra coisa.

O amigo influenciador de verdade

Num mundo em que tudo se partilha, menos as heranças, ao contrário da persona anterior o amigo influenciador consegue gerar um número infindável de corações em segundos. Quando der por ele, já garantiu o lugar mais perfeito do restaurante, só para conseguir fazer aquela foto. Um prato de comida nunca é só um prato de comida, e o anúncio de uma gravidez pode significar um autêntico congestionamento nas redes. Depois disso, a mais ínfima comunicação conta.

O amigo recém-convertido a uma vida limpa
Por vida limpa entenda-se uma desintoxicação pessoal. Devorava dois maços por dia e agora nem pode sentir o fumo dos cigarros – exceto drogas leves, “essas não contam”. E passou a beber sumos verdes.

O empreendedor hi tech
Tal como a aspirante a influenciadora adora unicórnios, mas não em formato de boia. Usa e abusa das palavras em inglês e acha que se a “Start me Up” dos Rolling Stones se chamasse apenas “start up” tinha feito ainda mais sucesso. Nunca sabemos bem qual é a profissão deste amigo, algo que se aplica a uma série de outras áreas de atividade, mas quase de certeza tem “developer” no título, porque no desenvolver é que está o ganho. Se num jantar com outros amigos alguém começar a falar da Síria pode ser obrigado a ir ao Google ver o que se passa, mas se o assunto for a Siri, tem conversa até de madrugada.

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