Aos 55 anos e depois de conquistar o mundo da moda, Tom Ford começa a dominar a sétima arte. ‘Animais Noturnos’, o seu último filme, venceu o Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza. Os portugueses vão poder ver esta história obsessiva de amor nos cinemas nacionais a partir do dia 24 de novembro.
Antes deste trabalho, Tom Ford estreou-se como argumentista e realizador com ‘Direito de Amar’, em 2009. O filme resultou de uma adaptação do romance de Christopher Isherwood, que conta a história de um professor de inglês que perdeu o seu companheiro e decide matar-se. Também foi um verdadeiro sucesso. Além de receber vários prémios, o primeiro filme do designer de moda foi aclamado tanto pela crítica como pelo público e Colin Firth, o ator que dá vida ao protagonista George Falconer, chegou a receber a sua primeira nomeação para um Óscar em 2010, na categoria de Melhor Ator.
Em ‘Animais Noturnos’, Amy Adams (‘Batman v Super-homem: o Despertar da Justiça’) e Jake Gyllenhall (‘O Segredo de Brokeback Mountain’) são os protagonistas. O filme pretende levar os espectadores a explorar a linha ténue entre o amor, a crueldade, a vingança e a redenção.
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Na história, Hutton Morrow (Armie Hammer) deixa a mulher, Susan Morrow (Amy Adams), uma negociante de arte de Los Angeles, sozinha em casa durante um fim-de-semana para ir numa das suas habituais viagens de negócios. Durante esses dias, Susan recebe o romance ‘Animais Noturnos’, da autoria do seu ex-marido, Edward Sheffield (Jake Gyllenhall), com quem não tinha contacto há vários anos.
Com o livro veio uma carta que não só encoraja Susan a ler a obra como a encontrar-se com o ex-marido durante a sua visita à cidade. Numa noite, à medida que avança na história, percebe que o romance fala sobre os momentos privados que viveu com Edward e interpreta o livro como uma vingança. Um ajuste de contas que promete prender o espectador do início ao fim.
O império de Tom Ford na moda
Longe do sucesso atual, a carreira profissional de Thomas Carlyle Ford começou como ator de anúncios publicitários, da qual desistiu quando, num dos trabalhos, o queriam obrigar a cortar o cabelo. Decidiu ir estudar na Parsons School of Design, de Nova Iorque, nos EUA, onde não só descobriu a paixão pela moda como conheceu o seu grande amor até aos dias de hoje: Richard Buckley, antigo editor da revista Vogue.
Com vontade de conhecer o estilo e a cultura europeia, Tom Ford mudou-se para Milão em 1990. Nesse mesmo ano foi chamado por Dawn Mello, especialista em moda da marca italiana Gucci para o ajudar a fazer frente à concorrência. Nos cinco anos que se seguiram, o norte-americano conseguiu levar a marca a renascer das cinzas e em 1995 o seu trabalho foi reconhecido com o prémio Council of Fashion Designers of America.
Depois de fazer da Gucci um negócio bilionário, o designer de moda juntou-se ao italiano Domenico De Sole e compraram, em 1999, a Yves Saint Laurent. Mais tarde passaram a liderar também a casa de moda espanhola Balenciaga e a marca do designer de moda britânico Alexander McQueen.
Em abril de 2005, Ford anunciou a criação da sua própria marca. Além de roupa para homem e mulher, a marca Tom Ford tem acessórios como carteiras, óculos de sol e até produtos de beleza.
Atualmente, o norte-americano ainda é um dos principais responsáveis por estas quatro marcas (Gucci, Yves Saint Laurent, Balenciaga e Tom Ford) e apesar de ligado intensamente ao cinema, o criador não deixa de pensar na moda – ainda em fevereiro deste ano foi um dos protagonistas da anunciada revolução do calendário da moda, quando decidiu não apresentar a sua coleção na New York Fashion Week por causa dos tempos de produção e de consumo, decidindo passar a apresentar as peças à medida que estas fossem chegando às lojas.