Trabalhar em casa e horário flexível não reduzem o stress das mães

Trabalhar a partir de casa e ter horários flexíveis podem ser medidas facilitadoras da conciliação trabalho-família, mas, segundo um estudo da University de Manchester, não contribuem para diminuir os níveis de stress crónico das mães trabalhadoras.

A investigação da universidade britânica, citada pelo site Global News e a ser publicada na edição de fevereiro, da revista Sociology, concluiu que as mulheres que trabalham e têm filhos têm um risco acrescido em 40% de desenvolver stress crónico, por comparação com as mulheres trabalhadoras sem filhos.

O estudo mostra também que medidas apontadas como facilitadoras da gestão familiar e laboral, como o teletrabalho, ou trabalho remoto, e a flexibilidade horária, não têm necessariamente um impacto positivo na sua redução. Trabalhar menos horas é o único fator que ajudaria a essa diminuição, sustenta a análise.

“Em termos de redução de horas tanto homens como mulheres parecem beneficiar de forma igual”, começa por explicar, ao Global News, Tarani Chandola, professor de Sociologia Médica, da Universidade de Manchester, e co-autor do estudo.

A investigação utilizou biomarcadores como a pressão arterial, o colesterol e as hormonas relacionadas com o stress, para medir os níveis de stress crónico numa amostra de seis mil trabalhadores. E além de ter concluído que as mães trabalhadoras sofrem um risco consideravelmente acrescido, devido às diferentes pressões a que estão sujeitas, permitiu chegar a outras respostas.

“Quando se trabalha de casa, não se está realmente a reduzir as horas, e, para muita gente, pode na realidade significar o aumento dessas horas, uma vez que se está ‘on’ o tempo todo”, refere o investigador. Por outro lado, Tarani Chandola assinala que o chamado “horário flexível”, que pode passar por uma alteração do horário “das 9h às 17h para das 10h às 18h”, exemplifica, também “não está de facto associado a nenhuma redução dos níveis de stress”.

A quantidade de stress com que as mães que têm um trabalho a tempo inteiro vivem pode ter consequências negativas não só nas suas vidas profissionais e familiares, como na sua saúde, originando problemas de hipertensão e doenças cardíacas e aumentando o risco de mortalidade, sublinha o investigador.

A isso acresce, nota ainda, a pressão de não cumprirem os objetivos laborais e familiares, quando o emprego é “particularmente stressante e as condições inflexíveis”, o que pode levar ao desenvolvimento de problemas de saúde físicos e mentais, que em última instância ditarão uma saída precoce do mercado de trabalho.

Nesse caso, o stress e as consequências negativas para o bem-estar da pessoa também não diminuem. “Se se fica desempregado ou reformado muito cedo, isso pode causar uma série de problemas de saúde adicionais”, remata.

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