Trabalho e dor física manifestam-se nas mesmas zonas do cérebro

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O neurologista e biólogo alemão Gerald Hüther sustenta que, em muitas pessoas, o trabalho quotidiano afeta as mesmas zonas do cérebro que a dor física, salientando que quem vive esta experiência dificilmente pode recuperar a motivação.

“Muita gente tem no trabalho experiências nas quais se ativam as mesmas redes do cérebro que reagem quando há dores físicas. Quem passa por esta experiência dolorosa dificilmente pode recuperar a motivação, disse o médico, citado na edição digital do Frankfurter Allgemeine.

O neurologista sustenta que esta experiência se deve à falta de independência que muitos vivem primeiro na escola e depois no local de trabalho, onde passam a ser permanentemente controlados pelo professor e depois pelos superiores nas empresas.

“Já na escola aprendemos que temos que nos limitar a fazer o que eles nos dizem e quando são maiores vão trabalhar com a mesma falta de motivação que tinham na escola”, disse Hüther.

Solução pode passar pelo fomento da autonomia

No entanto, segundo o médico, muitas empresas já começaram a perceber que precisam de funcionários que não se limitem a cumprir o dever, mas que tenham criatividade e assumam responsabilidades.

O neurologista Gerald Hüther [Fotografia: Site oficial Gerald Hüther]
Por isso, o neurologista defende que os trabalhadores tenham uma margem de autonomia para que passem a ir “com gosto” para o trabalho.

Na verdade, vinca o cientista, o entusiasmo funciona como “fertilizante para o cérebro”. Hüther lembra ainda “o cérebro pode evoluir ao longo da vida e pode sempre criar novas ligações entre os neurónios.”

Um processo que só acontece porque há uma ativação das zonas cerebrais ligadas à emoção. “Se as pessoas têm a oportunidade de assumir a responsabilidade e de se sentirem importantes, então a motivação pode voltar “, acrescentou o cientista.

Segundo um estudo realizado pelo Instituto de pesquisa Gallup, apenas 16% dos trabalhadores na Alemanha vão “com alegria para o trabalho” e 67% vão desmotivados, limitando-se a cumprir o minimamente necessário.

Imagem de destaque: Shutterstock