Três razões importantes para ficar acordada até tarde nesta terça, 10. Kamala e Trump vão debater, saiba onde ver

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Donald Trump e Kamala Harris [Fotografia: KAMIL KRZACZYNSKI e ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP]

É um dos embates políticos mais aguardados à corrida presidencial dos Estados Unidos da América entre a democrata e atual vice-presidente dos EUA Kamala Harris e o republicano e ex-presidente Donald Trump. Equilibrados nas sondagens, dois candidatos vão dar o tudo por tudo neste encontro – que pode bem vir a ser o único, uma vez que mais nenhum foi agendado – que vai ter lugar no canal norte-americano ABC, com arranque marcado para as 21 horas locais, duas da manhã em Portugal.

Por cá, o debate será transmitido em direto na RTP3, na SIC Notícias e na plataforma Disney +, ficando o conteúdo disponibilizado para ver em diferido a partir desse momento. Neste caso, o embate será transmitido no original, em inglês. A SIC Notícias optará por fazer o mesmo, contando, em emissão especial da uma às quatro da madrugada, com comentadores em estúdio para antes, nos intervalos e no fim comentarem a prestação dos candidatos presidenciais.

A estação pública, no canal RTP3, irá apostar em modelo semelhante, também com emissão especial no mesmo horário. A CNN Portugal também tem desenhada uma longa operação para esse período da noite.

E se se espera um debate em torno da economia, da inflação, da imigração e, entre outros, da política externa com um olhar especial sobre a guerra na Ucrânia e o conflito na Palestina, há temas que vão seguramente tocar as mulheres uma vez que os direitos reprodutivos são um dos tópicos que tem marcado a campanha presidencial.

Nesse sentido, há três temas a suscitar particular atenção em matéria de direitos das mulheres: o aborto, a fertilização in vitro (FIV) de acesso gratuito, prometida há dias pelo republicano, e as armas, cada vez mais presentes em ataques em escolas.

Aborto, FIV e tiroteios em escolas

Mas vamos por partes. Kamala Harris tem sido voz e corpo da luta pelo retorno do acesso ao aborto depois da reversão da lei federal Roe v. Wade e tem vindo a pedir ao Congresso que aprove um clausulado que restaure novamente esse direito às mulheres. A candidata e vice-presidente afirmou, aliás, que a assinava, pondo fim ao que tem considerado ser uma “desconfiança das mulheres” por parte dos republicanos.

Trump, por seu lado, tem-se congratulado por ter sido responsável – durante a sua gestão na Casa Branca – por nomear três juízes do Supremo Tribunal e que conseguiram anular, em todo o território norte-americano, o direito constante no clausulado federal Roe v. Wade. Contudo, com o avançar da campanha, o republicano tem vindo a moderar a posição: após ter apregoado a proibição nacional, diz agora que deve caber aos estados regular o direito ao aborto (22 mudaram desde 2022 e acentuaram a restrição).

Alegando “querer mais bebés” para o país, como afirmou Trunp num comício no MIchigan, o republicano trouxe para o púlpito a proposta de, sob a sua administração, o seguro do governo ou da empresa ser obrigado a pagar todos os custos associados à fertilização in vitro. Uma ideia que emergiu há uma semana, mas que não revelou como seria custeado ou como funcionaria o processo. O republicano prometeu ainda uma dedução das despesas em sede de IRS para os recém-nascidos. Esperam-se, claro, respostas concretas nesta madrugada.

[Fotografia: JEFF KOWALSKY and Mandel NGAN / AFP]

A violência nas escolas mantém-se como uma matéria da sociedade norte-americana e, também, da campanha política. Aliás, um estudo publicado em abril do ano passado, indicava que o número de menores mortos por armas de fogo nos EUA tinha aumentado 50% entre 2019 (1732 óbitos) e 2021 (2.590 óbitos). A análise publicada pelo Pew Research Center do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) referia que o homicídio foi, em 2021, a principal causa de morte por arma de fogo entre menores de 18 anos em 2021, já que representou 70% do total, seguindo-se o suicídio (32%) e acidentes (5%).

Com a violência a subir de tom após as trágicas notícias de 4 de setembro, de mais um tiroteio numa escola que vitimou dois alunos e dois professores, na Apalachee High School, na Geórgia, também o tema deverá ressoar nesta madrugada.

Kamala pediu leis nacionais clara para barrar o armamento de cidadãos, verificações de antecedentes criminais e proibição de armas de assalto. O republicano apontou antes o dedo a quem perpetrou o ataque, esse “monstro doente e perturbado”, e transferiu o ónus do acesso às armas para os problemas de saúde mental. Referiu ainda que, como presidente “mais pró-armas” da história não mostrou, uma vez eleito, evidentes sinais de querer mexer em medidas de controlo das armas.

Debate com novas regras

Este encontro entre Kamala Harris e Donald Trump será regido pelas mesmas regras que foram ditadas para o histórico embate de junho entre Trump e o atual Presidente e ex-candidato democrata, Joe Biden, que acabou por desistir da corrida após um fraco desempenho nesse confronto.

Os jornalistas da ABC News David Muir e Linsey Davis serão os moderadores do debate -o único agendado até ao momento entre Donald Trump e Kamala Harris -, pelo que poderá ser a primeira e única vez que os eleitores verão os dois políticos num frente-a-frente antes da eleição geral de 5 de novembro.

Os candidatos às presidenciais norte americanas Kamala Harris e Donald Trump
Os candidatos às presidenciais norte americanas Kamala Harris e Donald Trump [Montagem: AFP]

Sediado pela rede ABC News e com início agendado para as 21h00 (hora local, 02h00 em Lisboa) no National Constitution Center, em Filadélfia, o embate, com dois intervalos comerciais, irá colocar os candidatos atrás de púlpitos, que não farão declarações de abertura e não poderão levar adereços ou notas pré-escritas para o palco durante os 90 minutos de troca e apresentação de propostas.

Adicionalmente, o debate não terá público, os microfones serão silenciados enquanto o adversário tiver a palavra e os candidatos não poderão questionar-se diretamente. Kamala Harris e Donald Trump terão, cada um, dois minutos para responder às perguntas, dois minutos para refutações e um minuto extra para acompanhamentos, esclarecimentos ou respostas, contando ainda com dois minutos para as declarações de encerramento.

No calendário desta atípica temporada eleitoral consta ainda o debate vice-presidencial entre o governador de Minnesota, o democrata Tim Walz, e o senador de Ohio, o republicano JD Vance, agendado para 01 de outubro na cidade de Nova Iorque.