Três novos serviços de reumatologia até ao final do ano

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Em vésperas de se assinalar o Dia Nacional de Doente com Artrite Reumatóide, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) revela que há planos para alargar os serviços hospitalares até ao fim deste ano, isto depois de se ter iniciado, há cerca de uma semana, um protocolo segundo o qual os médicos da especialidade, de Santa Maria, vão uma vez por semana ao litoral alentejano.

“O Estado tem em vista a abertura de serviços em todas as zonas do país para colmatar as falhas. Espera-se que, até ao final do ano, sejam abertos alguns serviços de Reumatologia: No Alentejo, no Porto e em Trás-os-Montes”, declara Filipa Mourão, secretária-geral da SPR.

Esta médica do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental sublinha ao Delas.pt que, de acordo com o estudo epidemiológico das doenças reumáticas em Portugal, o EpiReumaPt, “só 43 % dos doentes com artrite reumatóide é que são vistos na especialidade, estão a ser seguidos noutras como a ortopedia, a medicina interna, pelos médicos de família”.

De acordo com as contas, serão necessários 20 médicos para assegurar a cobertura territorial e que não se esgota na abertura destes três serviços. E vinca que, em Lisboa, isso não está totalmente assegurado:

“Por exemplo, Cascais não tem reumatologia. Há também o da Amadora. Os doentes estão a ser vistos por médicos de medicina interna.” Por contraposição, aponta Filipa Mourão, “os reumatologistas não têm vaga”.

Para já, começou há cerca de uma semana um protocolo de uma unidade móvel que se desloca uma vez por semana ao Litoral Alentejano.

“Trata-se de um protocolo em esquema de mobilidade, assegurado pelos médicos do Hospital de Santa Maria e que não ganham mais por isso”, explica a médica, apontando a possibilidade de vir a haver mais protocolos desta natureza nos próximos meses, podendo envolver “20 reumatologistas”, “com fim indeterminado” e até “haver soluções mais definitivas”.

Os custos destas operações não foram revelados.

O Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide comemora-se esta quarta-feira, 5 de abril, e a SPR quer alertar para a “importância da referenciação, diagnóstico e tratamento precoces da doença reumática”, lê-se no documento oficial.

Considerada uma doença rara, já que se estima que afete entre 50 a 70 mil pessoas (0,7% da população), atinge sobretudo as mulheres “quatro para cada homem”, sublinha Filipa Mourão, lembrando que há uma incidência maior a partir dos “40 a 50 anos” e que a doença “tem uma componente hormonal muito forte”.


Leia mais sobre a doença que atinge sobretudo o sexo feminino esta quarta-feira, 5 de abril, no Delas.pt


A perda de produtividade e a falta ao trabalho são consequências muito comuns para quem sofre com a artrite reumatóide. “Estes doentes faltam muito trabalho, têm reformas por invalidez. Há muitos custos [sociais], o Estado gasta 204 milhões de euros por ano”.Isto excluindo os tratamentos, as cirurgias, a fisioterapia e até a comparticipação de medicamentos.

Daí que seja importante, vinca Filipa Mourão, trabalhar na identificação precoce porque “embora não possa ser curada, pode ser tratada e as pessoas podem voltar a ter qualidade de vida”.

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