Sentença no homicídio da filha de ex-PR moçambicano

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O Tribunal Judicial de Maputo lê, esta terça-feira, 23 de janeiro, a sentença do caso do homicídio da filha do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza, ocorrido em dezembro de 2016, em que o marido está no banco dos réus.

O Ministério Público acusa Zófimo Muiane, 44 anos, de ter deliberadamente matado Valentina Guebuza, na altura com 36 anos, com um tiro no tórax e outro no abdómen, no quarto da residência do casal, no bairro da Polana Cimento, coração da capital moçambicana.

Ao longo de oito sessões de julgamento, iniciado a 18 de dezembro, foram ouvidas 15 pessoas, entre padrinhos e amigos do casal, peritos em medicina legal e criminalistas.

Zófimo Muiane declara-se inocente, alegando que Valentina Guebuza perdeu a vida durante uma disputa pela pistola que a vítima terá arrancado da cintura do marido para o expulsar de casa sob ameaça. “É injusto. [Para] tudo que o Tribunal decidir, meu coração está aberto. Mas tudo que disseram é fabricação”, disse Muiane na última sessão.

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Valentina Gebuza foi morta pelo marido em 2016

Os advogados da família Guebuza exigem a pena máxima possível, considerado que há provas claras. “Foi possível nestas sessões produzir a prova que nos levou a formular o pedido que fizemos e quanto a isso não temos dúvidas, continuamos convictos e serenos”, disse Alexandre Chivale, advogado da família Guebuza, citado pelo diário O País.

A relação do casal tinha problemas e a vítima queixava-se de maus-tratos e de violência doméstica, sustenta o Ministério Público.

Os padrinhos e uma colaboradora da vítima relataram que estiveram na habitação do casal antes do homicídio para tentar resolver uma crise no casamento.

Na ocasião, Valentina Guebuza pediu a separação do marido durante algum tempo para que a situação se apaziguasse, mas Muiane, que era gestor da empresa estatal de telefonia móvel Mcel, recusou a separação, refere o Ministério Público.

Além de homicídio qualificado, Zófimo Muiane é acusado de posse de armas proibidas e falsificação de documento, por ter sido encontrado na sua posse um passaporte de um cidadão sul-africano com a sua foto.