Tribunal nega liberdade a mulher que foi capa da National Geographic

sharbat-gula
Fotografia de Steve McCurry

Um tribunal da cidade paquistanesa de Peshawar negou esta quarta-feira conceder liberdade sob fiança a Sharbat Gula, a menina afegã de olhos verdes imortalizada numa capa da National Geographic na década de 1980, detida por ter documentos de identificação falsos.

“O tribunal rejeitou a liberdade sob fiança. O juiz não explicou porquê. Estamos à espera do documento da decisão”, disse Mohsin Dawar, um dos três advogados contratados pelo Governo afegão para defender a refugiada.


Leia também o artigo: Lora Pappa: “Há mulheres e crianças a ‘prostituírem-se’ por €5 nos campos de refugiados”


O advogado adiantou, em declarações à agência EFE, que vai recorrer da decisão para uma instância judicial superior.

Sharbat Gula, detida a 26 de outubro por alegadamente ter obtido documentos de identidade paquistaneses para si e dois dos seus filhos após subornar três funcionários, incorre numa pena de até 14 anos de prisão.

A imagem de Sharbat Gula, então com 12 anos, a viver num campo de refugiados paquistanês na altura da ocupação soviética do Afeganistão, captada em 1984 e publicada no ano seguinte, tornou-se na capa mais icónica na história da revista National Geographic. O fotógrafo Steve McCurry encontrou-a e fotografou-a novamente em 2002 e a mulher voltou à capa de revista em abril desse ano. A história pessoal de Sharbat Gula ilustra a história dos últimos 20 anos do seu país natal.

sharbat-gula

 

Os advogados apresentaram na terça-feira um pedido de liberdade sob fiança para Sharbat Gula, de 46 anos, por razões humanitárias, já que sofre de hepatite C, não tem antecedentes criminais e tem filhos pequenos que “não podem viver sem ela”.

O embaixador do Afeganistão em Islamabad, Omar Zakhilwal, pediu às autoridades paquistanesas que a libertem, considerando o dano que a sua detenção causa às relações entre as pessoas dos dois países e à debilidade, a seu ver, do caso contra Sharbat Gula.

Segundo o diplomata, o documento de identidade paquistanês de Gula não foi obtido ilegalmente, como afirma a polícia.