Trump escolhe mulher para a CIA e gera polémica

Gina Haspel_ RT_Handout

A nomeação ainda carece de aprovação do Congresso, mas já está a causar falatório no mundo. Gina Haspel, indicada pelo Presidente norte-americano para ser a primeira mulher a liderar a agência de espionagem norte-americana (CIA), foi diretora de uma prisão na Tailândia onde suspeitos de terrorismo foram submetidos a tortura.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no Twitter que o atual diretor da CIA, Mike Pompeo, vai substituir Rex Tillerson como secretário de Estado norte-americano.

Para o lugar de Pompeo, Trump nomeou a atual vice-presidente da CIA, Gina Haspel (há quase 30 anos na agência), que, uma vez emitido o sinal verde pelo Congresso, vai ser a primeira mulher a chefiar a agência.

Gina Haspel é apontada como responsável pela destruição das gravações, em 2005, do registo das sessões de tortura recorrendo à simulação de afogamento (‘waterboarding’) a que foram submetidos prisioneiros no centro de detenção clandestino na Tailândia, que dirigiu durante um curto período.

O desaparecimento das gravações, em 2013, impediu a promoção de Gina Haspel a diretora das operações clandestinas dos serviços de informações norte-americanos, um cargo que tinha de ser confirmado pelo Senado dos Estados Unidos, e desencadeou uma longa investigação, que terminou sem acusações.

Defensores dos direitos humanos questionam escolha

Haspel esteve presente em pelo menos dois interrogatórios em que foram utilizadas técnicas de tortura a dois alegados membros da Al Qaeda, Abu Zubaydah e Abd al Rahim al Nashiri, de acordo com os dados de uma investigação do Senado norte-americano.

Segundo documentos divulgados nos Estados Unidos, Zubaydah foi submetido 83 vezes à técnica de tortura ‘waterboard’, através da utilização de água e que simula o afogamento, impedindo o prisioneiro de respirar. Não há qualquer indicação de que a escolha de Trump para liderar a CIA signifique uma intenção de regressar ao programa de detenção e interrogatórios duros.

Haspel entrou para a CIA em 1985 e foi chefe de posto em escritórios da CIA no estrangeiro. Em Washington, ocupou várias posições de liderança, tendo sido vice-diretora do Serviço Clandestino Nacional, um ramo da CIA.

Quando foi nomeada por Donald Trump como número dois da CIA, em fevereiro de 2017, a sua carreira foi aplaudida por veteranos dos serviços secretos, mas foi criticada por defensores dos direitos humanos, que consideraram preocupante que Trump tivesse escolhido uma pessoa que esteve envolvida no programa de interrogatórios duros.

CB com Lusa

Imagem de destaque: Handout/Reuters