Trump volta a negar caso de assédio e fala em “notícias falsas”

O Presidente norte-americano, Donald Trump, assegurou esta terça-feira, 20 de fevereiro, que não conhece a mulher que o tornou a acusar de a ter assediado sexualmente em 2006, em Nova Iorque, que contudo reafirmou a sua versão.

“Uma mulher que não conheço e que, tanto quanto me recordo, nunca conheci, está na manchete do Meio de Notícias Falsas Washington Post dizendo que a beijei (durante dois minutos) no vestíbulo da Torre Trump há 12 anos. Nunca aconteceu!“, escreveu Trump, na sua conta oficial na rede social Twitter. “Quem faria isso num espaço público com câmaras de segurança ativas em direto? Outra acusação falsa“, acrescentou.

Trump volta a negar este caso de assédio sexual – e todos os outros – em que tem estado envolvido. Na galeria acima recorde as cerca de duas dezenas de mulheres que acusam o chefe de Estado norte-americano de investidas sexuais indesejadas sobre ele.


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O multimilionário repudia todas as acusações e aponta o dedo a órgãos de comunicação social. “Por que é que o @washingtonpost não informa sobre as mulheres que aceitaram dinheiro para inventarem histórias sobre mim? Uma delas conseguiu pagar a sua hipoteca. Só a @FoxNews informou isso (…). Não encaixa na narrativa dos meios de comunicação generalistas”, disse ainda na sua conta de Twitter.

Quem é Rachel Crooks, a primeira mulher a acusar Trump?

O diário The Washington Post publicou na última hora de segunda-feira, 19 de fevereiro, um perfil de Rachel Crooks, de 35 anos, uma das 19 mulheres que garantem que Trump as assediou sexualmente, tendo assumido publicamente o caso ainda antes das eleições de novembro de 2016.

Na ocasião, Crooks – que também integra a listagem acima apresentada – acusou Donald Trump de a ter beijado à força, em janeiro de 2006, na Trump Tower, em Nova Iorque.

Rachel Crooks [Fotografia: Reuters]

Também através da rede social Twitter, esta mulher respondeu às mensagens de Trump, desafiando-o a divulgar “as gravações” das câmaras de segurança “no passeio frente aos elevadores do piso 24”, onde assegurou que ocorreu o beijo, e não no vestíbulo da Torre Trump, como afirmou o presidente.

“Deixemos isto claro para todo o mundo. São os mentirosos na política como o senhor que me levaram a candidatar-me a um cargo público“, escreveu Crooks no Twitter, aludindo ao anúncio que fez este mês que vai concorrer pelos democratas a um lugar na Câmara dos Representantes do Estado do Ohio.

No perfil feito pelo The Washington Post citaram-se as palavras de Crooks durante uma reunião recente com um grupo de mulheres no Ohio, em que contou o incidente que, garantiu, ocorreu quando Trump tinha 59 anos e ela 22 e trabalhava como secretária para uma empresa instalada no edifício homónimo do presidente norte-americano. Um dia, “ele estava à espera do elevador fora do nosso escritório, quando consegui coragem para me apresentar”, disse.

Agarrou-me na mão e mantive-me firme. Começou a beijar numa face, depois na outra. Entre os beijos, falava comigo e perguntava-se de onde era e se queria ser modelo. Não me soltava a mão e logo começou a beijar-me nos lábios. Foi um beijo prolongado, se calhar durou dois minutos, talvez menos”, relatou.


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Durante a campanha eleitoral de 2016, Trump negou todas as acusações de abuso sexual que lhe foram feitas. Chegou a sugerir que algumas das mulheres que o tinham acusado estavam a mentir porque eram muito pouco atraentes para que ele quisesse ter qualquer relação com elas. A Casa Branca já veio dizer que o facto de Trump ter sido eleito demonstra que os norte-americanos não querem saber das acusações, ou não acreditam nelas.

Não obstante, o crescimento do movimento #Me Too, relativo às denúncias feitas por mulheres conhecidas de situações de assédio sexual, e a acusação de violência doméstica contra um seu ex-assessor na Casa Branca, Rob Porter, colocaram Trump em posição incómoda, que já este mês defendeu o “devido processo” para os homens acusados de abusos.

CB com Lusa

Imagem de destaque: Reuters

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